Resultado negativo é explicado pela queda do investimento em setores vinculados aos recursos naturais, principalmente mineração e hidrocarbonetos, e à situação no Brasil. É um dos itens do relatório anual “O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e Caribe 2016”.
Veja o que diz Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL: “Na atual configuração da economia global, o investimento estrangeiro direto é chamado para desempenhar um papel relevante nos processos nacionais e regionais de desenvolvimento. Com políticas ativas e integradas, os países podem aproveitar estes fluxos para diversificar suas economias, potencializar a inovação e a incorporação de tecnologia e responder aos desafios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
No mundo é diferente
O declínio registrado em 2015 na América Latina e Caribe contrasta com o dinamismo observado em âmbito global, aponta o documento. Em 2015, os fluxos mundiais de IED aumentaram 36%, chegando a um valor estimado de 1,7 trilhão de dólares, impulsionados por uma intensa onda de fusões e aquisições, sobretudo transfronteiriças, especialmente nos países desenvolvidos, particularmente nos Estados Unidos.
Apesar da queda geral, os resultados por países da região foram diferentes. No Brasil o IED reduziu-se 23%, em até US$ 75 bilhões, embora o país tenha se mantido como o principal receptor desses fluxos na região (acumulando 42% do valor total).
Ingressos pelos países
No México, segundo maior receptor, os ingressos aumentaram 18%, alcançando 30,28 bilhões de dólares, um de seus níveis mais altos em sete anos. O setor manufatureiro, principalmente a indústria automotiva, e as telecomunicações receberam os maiores investimentos nesse país.
A diminuição dos preços dos minerais afetou negativamente os ingressos de IED no Chile (20,45 bilhões de dólares) e na Colômbia (12,10 bilhões de dólares), que caíram 8% e 26%, respectivamente. Ao analisar a distribuição setorial destes fluxos, observa-se, por exemplo, que na Colômbia a participação dos setores primários (entre eles a mineração) reduziu-se de 51% entre 2010-2014 para 31% do total em 2015.
Na Argentina, os ingressos aumentaram 130% até 11,65 bilhões de dólares, aumento que se explica porque em 2014 foi contabilizada a nacionalização de 51% da YPF realizada em 2012 – que significou um desinvestimento de cerca de 6 bilhões de dólares em 2014.
Na América Central os ingressos de IED aumentaram 6%, totalizando 11,80 bilhões de dólares. Com 43% do total, o Panamá continua sendo o principal receptor na sub-região; seguido pela Costa Rica (26%), Honduras (10%) e Guatemala (10%). Por sua parte, o investimento estrangeiro direto no Caribe diminuiu 17%, alcançando 5,97 bilhões de dólares.
Mudanças de rumos
Quanto às tendências de médio e longo prazo, o estudo destaca importantes mudanças nos projetos anunciados entre 2005 e 2015: diminui a relevância dos setores extrativos, observa-se um particular dinamismo do setor automotivo e aumenta a importância das telecomunicações, das energias renováveis e do comércio varejista.
“Os investimentos em energias renováveis e em outros projetos ambientais estão na base da proposta da CEPAL de potencializar o desenvolvimento da região com um grande impulso ou ‘big push’ ambiental para avançar rumo a um padrão de produção, energia e consumo de baixo carbono”, enfatizou Alicia Bárcena, referindo-se ao último documento institucional “Horizontes 2030: a igualdade no centro do desenvolvimento sustentável”, apresentado no 36o Período de Sessões da Comissão realizado recentemente no México, onde esta proposta é detalhada.
Em 2015 os EUA posicionaram-se novamente como o principal investidor na região (com 25,9% do IED), seguido pelos Países Baixos (15,9%) e pela Espanha (11,8%).
Além disso, as saídas de IED da região diminuíram substancialmente para 47,36 bilhões de dólares em 2015, 15% menor do que o ano anterior, o que reflete a moderação da expansão que as chamadas empresas ‘translatinas’ teriam iniciado entre 2007 e 2012.
Considerando o estoque de investimento destas empresas, o Brasil e o México são os países com mais capital investido fora de suas fronteiras. Entretanto, em 2015 o Chile foi o principal investidor no exterior.
A publicação dedica um capítulo na análise da evolução do IED na mineração metálica, que teve consequências positivas nos últimos anos em termos de exportações e receita fiscal, mas que não mostra os mesmos resultados em matéria de diversificação produtiva nem em formação de encadeamentos nos países.
O relatório também analisa a importância do IED como propulsor de acumulação de capital de inovação. “Ainda que a contribuição direta do IED para a formação bruta de capital fixo seja pequena, as empresas transnacionais podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento econômico na medida em que contribuam para a criação de capital de inovação”, propõe o documento.
“A possibilidade de apropriar-se destes benefícios depende da formação da força de trabalho, da competitividade da indústria local e de sua capacidade para prover às empresas estrangeiras, e da existência de um conglomerado associado”, conclui o texto.
Acesse o relatório em www.cepal.org/pt-br/node/37450
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