No geral, o panorama financeiro global é “sombrio”, disse o diretor da divisão de investimentos e iniciativas da UNCTAD, James Zhan. Ele explicou que investimento estrangeiro direto é importante porque dá aos países acesso a capital externo, tecnologia, mercado e contribuições fiscais.
De acordo com a UNCTAD, a queda ocorreu principalmente por conta de reformas fiscais nos Estados Unidos, que encorajaram grandes companhias norte-americanas a levar ganhos no exterior para os EUA – principalmente a partir de países da Europa Ocidental.
O diretor da UNCTAD disse que a agência havia alertado no começo de janeiro que havia “cerca de US$ 2 trilhões em estoque na forma de dinheiro ou na forma de lucros reinvestidos fora dos EUA”, que poderiam ser repatriados de alguma forma após a reforma fiscal.
“E, de fato, isto está acontecendo”, acrescentou. “Vimos que o IED dos EUA para o exterior foi de US$ 147 bilhões no ano passado para um negativo de 247 bilhões de dólares neste ano”.
Outros fatores contribuíram para a “grande diferença de repatriação” deste ano nos lucros no exterior de multinacionais dos EUA, disse Zhan. Estes fatores incluem incertezas sobre os detalhes e o impacto da reforma fiscal e o possível impacto de disputas comerciais internacionais não resolvidas; como as tarifas retaliadoras impostas por EUA e China.
Em contraste com a queda geral em investimentos estrangeiros, o relatório da UNCTAD destaca um aumento de 42% nos chamados projetos “greenfield”, indo a US$ 454 bilhões.
Estas iniciativas podem envolver atividades de construção do zero em países estrangeiros, e são vistas como um indicador de tendências futuras, explicou Zhan, antes de destacar que investimentos neste setor estavam em “níveis relativamente baixos” no mesmo período no ano passado.
Embora a queda do investimento estrangeiro direto tenha acontecido majoritariamente em países mais ricos, incluindo Irlanda (queda de US$ 81 bilhões) e Suíça (queda de US$ 77 bilhões), países em desenvolvimento tiveram fluxos de IED caindo “apenas ligeiramente” no primeiro semestre do ano, a 4%, para US$ 310 bilhões, em comparação com 2017.
Isto inclui a Ásia em desenvolvimento – queda de 4% – para US$ 220 bilhões – no mesmo período, puxada majoritariamente por uma queda de 16% em investimentos no leste da Ásia. A China, a exceção notável, foi a maior receptora de investimentos estrangeiros diretos no primeiro semestre de 2018, atraindo mais de US$ 70 bilhões.
A região da América Latina e do Caribe teve uma queda de 6% em investimentos, em meio às incertezas das próximas eleições e preços mais altos de commodities, segundo a UNCTAD.
Em relação à África Ocidental, os dados indicam uma queda de 17% em investimentos na primeira metade do ano, de US$ 5,2 bilhões para US$ 4,3 bilhões. Isto foi provocado parcialmente pelo “ambiente econômico global volátil” e preços mistos de commodities, e pode ser contornado pelos avanços em integração regional, incluindo um Tratado Continental Africano de Livre Comércio, sugeriu o relatório da UNCTAD.
Mas ainda há uma necessidade significativa de investimentos para os países mais pobres alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, um compromisso firmado há três anos com metas ambiciosas, incluindo erradicação da extrema pobreza e fim da fome no mundo.
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