No Dia Internacional das Florestas e da Árvore, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) chamou atenção para a situação da América Latina e do Caribe, onde estão localizadas 23,4% de todas as áreas florestais do mundo. A região também concentra 29% do volume global de precipitações.
Em 2016, Dia Internacional teve como tema a relação entre as matas e os ciclos hídricos.
Segundo a FAO, em âmbito mundial, as bacias hidrográficas e as zonas úmidas florestais fornecem até 75% dos recursos de água doce. Um exemplo significativo é a bacia do Rio de la Plata: mais de 70% da pluviometria da região vem da evaporação e transpiração da selva amazônica.
A Organização destacou também outras contribuições positivas das florestas para os ecossistemas. As matas podem reduzir os efeitos das inundações, além de prevenir e reduzir a salinidade das terras áridas e a desertificação.
A seca é um dos sintomas mais negativos das mudanças climáticas em curso no planeta. Graças à sua capacidade de armazenar água, as árvores e os bosques podem fortalecer a resiliência dos povos em relação a estiagens.
A FAO alertou os países da América Latina e do Caribe para os riscos do desmatamento. Para a agência da ONU, o manejo florestal responsável é uma ferramenta importante para melhorar a quantidade e a qualidade da água disponível para o uso humano.
De acordo com a Organização, o desmatamento registrou quedas consistentes. Entre 1990 e 2000, em média, 4,5 milhões de hectares eram perdidos por ano. Já entre 2010 e 2015, essas perdas caíram para 2,18 milhões de hectares, principalmente devido à redução do desflorestamento no Brasil, no Cone Sul e na região mesoamericana.
O Caribe tem registrado um crescimento nas áreas florestais em locais que antes eram plantações da cana de açúcar e outras terras agrícolas. No resto da América Latina, porém, apenas Chile, Costa Rica e Uruguai apresentaram uma expansão das terras ocupadas por florestas.
Apesar de alguns avanços, a região continua com médias de desmatamento acima das taxas globais, o que ameaça os ciclos hídricos dos países.
Segundo a FAO, nas três últimas décadas, a extração de água duplicou na América Latina e no Caribe. Em média, na região, o setor agrícola e, especialmente, a agricultura irrigada utilizam a maior parte dos recursos hídricos, sendo responsáveis por 70% do consumo. Uso doméstico responde por 20% e indústria, por 10%.
Esse ritmo de crescimento do consumo foi muito superior ao do resto do mundo, de acordo com a avaliação da FAO. A agência enfatizou que o volume de água disponível no futuro, porém, poderá ser altamente afetado por transformações do clima, principalmente por conta da redução das terras florestais na região.
“As mudanças climáticas afetam a saúde e a qualidade das florestas e a disponibilidade de água, sendo que este efeito é ampliado pela degradação dos solos devido à expansão das áreas de cultivos em locais não apropriados e a intensificação da produção e do uso inadequado de insumos agrícolas”, explicou Meza.
Especialistas preveem uma substituição gradual das florestas tropicais por savanas no leste da Amazônia e também da vegetação semiárida por coberturas vegetais de áreas áridas, em função do aumento da temperatura e da diminuição de água no solo.
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