Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, astrônomo
Falecimento em 25/Julho/2014

Nascimento em 2/Fevereiro/2014

A morte de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, representou para a astronomia brasileira a perda do maior interlocutor, de acordo com a pesquisadora e historiadora do Museu de Astronomia (MAST), Christina Helena Barbosa. Afirmou que “o Brasil perde um cientista, um astrônomo, um interlocutor da ciência com a sociedade. Não há ninguém como ele no Brasil. Ninguém que possa, com a competência e habilidade que ele tinha, fazer o que ele fazia, sempre empenhado em montar acervo e em estimular e divulgar a pesquisa histórica de sua ciência”.

Christina Helena ressaltou que Mourão foi da primeira geração de astrônomos brasileiros que se profissionalizaram com o atual grau de especialização. “Hoje não se imagina especialistas sem doutorados. Mas, na época, isso não era comum. Sequer havia pós-graduação em astronomia. Isso, de fato, mudou a cara da astronomia no Brasil”, disse a pesquisadora. Lembrou que Mourão fez parte de um grupo conhecido por Quatro Cavalheiros: “Jovens cientistas contratados no final da década de 1950 pelo Observatório Nacional, que deram verdadeira mexida no observatório, com trabalhos e pesquisas.

No caso de Mourão, especificamente os trabalhos sobre estrelas duplas - desenvolvidos posteriormente na Bélgica - e sobre órbitas dos asteroides. São trabalhos que nos ajudam a compreender a natureza e a melhor conhecer o universo, as estrelas e a energia que nele existe”, acrescentou.

Para o chefe da Divisão de Atividades Educacionais do Observatório Nacional, Carlos Veiga, a grande contribuição de Mourão para o Brasil foi a divulgação que fez da astronomia para as pessoas comuns. “Graças a sua divulgação e ao bom nível como ela era feita por ele, a astronomia passou a ser conhecida no Brasil. Popularizou essa ciência como ninguém nunca o fez em nosso país”, disse.

Depois de ter ficado quatro anos na Bélgica (de 1962 a 1967), Mourão retornou ao Brasil para dar sequência ao programa de observação do céu. Com a experiência adquirida no exterior, foi Mourão quem estabeleceu a observação de estrelas e asteroides a partir do Rio de Janeiro. “Além de socializar a ciência, deixou pontos de partida para as gerações posteriores.

A astronomia é uma ciência inquietante, porque cada resposta suscita uma série de novas perguntas. Isso, certamente o incomodava, como incomoda a todos os astrônomos. É muito difícil conviver com perguntas do tipo: qual é a origem do universo? Como o ser humano chegou e evoluiu? Existem outras civilizações? Qual foi a energia que resultou na construção do universo? São questões para divã de psiquiatra, mas que geram interesse nas crianças. Em muitos casos é o primeiro estímulo a se desenvolver nos estudos, além de ser complemento às aulas de física e geometria”, argumentou Veiga. “É importante divulgar isso para a população, e essa foi a missão dele: "Divulgar esse papo maluco a toda a população e fazer com que a sociedade participe disso. É fazer as pessoas entenderem que não há paranormalidade nos fenômenos ainda inexplicados”.