Rosa Magalhães
Falecimento em 25/Julho/2024

Nascimento em 8/Janeiro/1947

Rosa Lúcia Benedetti Magalhães, mais conhecida como Rosa Magalhães, natural do Rio de Janeiro. Professora, artista plástica, figurinista, cenógrafa e carnavalesca brasileira.

Foi a maior detentora de títulos na era Sambódromo, sendo campeã em 1982 (antes do Sambódromo),1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2013. Estava servindo À Escola de Samba da Portela.

Para 2016, de contrato renovado com a São Clemente, Rosa apostou em um enredo critico e irreverente para colocar a escola entre as seis melhores do carnaval. O título do enredo é "Mais de Mil Palhaços No Salão."

Para 2017, renovou com a São Clemente e fez um carnaval intitulado "Onisuáquimalipanse" sobre a história de corrupção que levou à construção do Palácio de Versailles. O título do enredo foi uma brincadeira com a expressão "Honit sois qui mal y pense", traduzida livremente como "Envergonhe-se quem pensar mal disso".

Para o carnaval de 2018, Rosa foi contratada pela Portela, aonde desenvolveu o enredo "De repente de lá pra cá e dirrepente daqui pra lá", que pretende contar a história de judeus e europeus que se estabeleceram na cidade do Recife (PE) holandês no século XVII e que, anos depois, foram expulsos pelos portugueses, ajudaram a fundar a cidade de Nova York.

 

Rosa acumulou 7 títulos do carnaval carioca. 

Rosa tinha mais de 50 anos dedicado à arte. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), ao lamentar a morte, afirmou que Rosa Magalhães “fez história” no carnaval.

 O título de 1982 com o Império Serrano fez o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” figurar entre um dos mais famosos do carnaval carioca.

Na Imperatriz Leopoldinense, a amante do carnaval conseguiu fazer a escola atingir a supremacia por anos seguidos. Conquistou o bicampeonato de 1994 e 1995 e o tricampeonato de 1999, 2000 e 2001.

“Falar de Rosa Magalhães é falar da história da Imperatriz, tendo em vista que, de sete títulos conquistados pela professora, cinco foram em nossa agremiação”, publicou no X (antigo Twitter), a Imperatriz Leopoldinense.

O último campeonato da carnavalesca foi em 2013, comandando o carnaval da Unidos de Vila Isabel. “Viva Rosa Magalhães”, postou nas redes sociais a Vila Isabel após a notícia da morte.

“Se o carnaval carioca alcançou a primazia como grande espetáculo visual muito se deve a Rosa. Nossa escola tem por ela uma gratidão imensurável por ser um gênio artístico à frente do nosso último campeonato em 2013”, publicou a escola da zona norte do Rio de Janeiro, acrescentando que ela “projetou o seu talento e profissionalismo para além da Avenida”.

Era Sambódromo

Rosa é a maior carnavalesca da Era Sambódromo, que começou com a inauguração da Passarela do Samba, em 1984. A última participação dela foi em 2023, na escola Paraíso do Tuiuti.

Uma das curiosidades é que gostava de fazer e participar dos desfiles para, em algumas vezes, se misturar com os componentes, sem necessariamente se fazer perceber. Era uma forma de sentir a evolução da escola e a reação do público.

Além de levar a magia de fantasias e adereços para a Marquês de Sapucaí, Rosa Magalhães ditou o espetáculo de cores e movimentos na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na festa de encerramento das Olimpíadas de 2016, ambas no Rio de Janeiro. A celebração de 2007 rendeu para a carnavalesca o prêmio Emmy de melhor figurino.

Legado

Carnavalescos viam em Rosa mais que uma competidora. Era também uma “professora”, disse Alexandre Louzada, dono de 6 títulos na elite do carnaval carioca e 2 no carnaval paulista. 

André Rodrigues, carnavalesco da Portela, observou que Rosa era uma “realidade fundadora” do carnaval.

“Ela fundou um outro tipo de ver e fazer carnaval. Carnaval é mutável e uma dessas transformações aconteceram graças [ao talento] de Rosa. Ela aprofunda a escola de samba de uma maneira muito bonita e poética”, afirmou. “Nós somos hoje o legado dela”, completou.

Gabriel Haddad, carnavalesco campeão com a Beija-Flor em 2022, considera que a obra de Rosa, que era formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é “eterna”.

“Rosa foi uma referência, vai ser uma referência ainda para muitas e muitas gerações de pessoas que trabalham com a arte brasileira. O carnaval é uma arte que só a gente sabe fazer e Rosa foi uma das maiores de todas”, declarou.

“Em 1971, o barracão do Salgueiro ficava em um quintal em Botafogo. Entre os nomes presentes estavam Joãosinho Trinta, Lícia Lacerda, Maria Augusta e Rosa Magalhães, que começou a carreira ali, junto a um pequeno time de artistas e dois assistentes. Com a ajuda do mentor Fernando Pamplona, Rosa ingressou no mundo do carnaval durante aulas na Escola de Belas Artes”, publicou.

“Rosa Magalhães teve uma trajetória marcante no Salgueiro, não apenas iniciando sua carreira na escola, mas também atuando como carnavalesca em 1990 e 1991. Seu estilo barroco único no carnaval, inspirado e transformado pelos mestres Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta, redefiniu a linguagem carnavalesca, combinando história e luxo em desfiles inesquecíveis”, finalizou.

Rio de Janeiro (RJ), 26.07.2024 - Rosa Magalhães participando de desfile em cima de um carro alegórico da Portela em enredo assinado pela artista. Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Rosa Magalhães desfilou em carro alegórico da Portela, cujo enredo ela assinou - foto - Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

Uma mente brilhante

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, classificou Rosa como “uma das mentes mais brilhantes da nossa maior manifestação cultural [o carnaval].” Ele acrescentou que a história da carnavalesca se confunde com a do próprio carnaval. “De um jeito único, ela encantou a todos nós com sua capacidade de materializar sonhos na avenida, de contar histórias de um jeito único e emocionar quem assistia”, escreveu o prefeito.