
“Os prontuários do hospital mostram que de janeiro a março deste ano o número de consultas, comparado ao mesmo período do ano passado, se manteve estável em 12,7 mil atendimentos, mas o diagnóstico de conjuntivite alérgica teve um acréscimo de 20%. Saltou de 1,06 mil para 1,2 mil casos”. É o relato do Oftalmologista de Campinas (São Paulo).
Para o especialista este crescimento está relacionado à piora da qualidade do ar provocada pela falta de chuvas em grande parte do país neste início de ano. Isso porque, um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que nas cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes a concentração de poluentes por metro quadradoé o dobro do recomendado. “A poluição aumenta a evaporação da lágrima que tem a função de proteger a superfície ocular. Por isso, os olhos podem dar uma resposta exagerada aos agentes externos, conforme acontece com todo processo alérgico. O olho seco é mais intenso entre mulheres na pós-menopausa e idosos”, diz.
Relação com outras alergias
Segundo o ISSAC (Estudo Multicêntrico Internacional de Asma e Alergias na Infância) 20% dos brasileiros têm algum tipo de alergia e 6 em cada 10 alérgicos desenvolvem a doença nos olhos. Queiroz Neto ressalta que entre crianças a conjuntivite alérgica está frequentemente associada às doenças respiratórias como asma, rinite e bronquite que chegam a triplicar no outono/inverno, segundoestimativa da OMS.
“A dermatite atópica também pode funcionar como gatilho, principalmente entre mulheres por causa do uso de maquiagem e cosméticos”, comenta.
O especialista explica que a alergia ocular desencadeada pelas doenças respiratórias pode desaparecer na puberdade, mas é uma importante causa do ceratocone. “O hábito de coçar os olhos afina a córnea que se torna abaulada e faz desta doença a maior causade transplante no Brasil”, afirma .
Já a conjuntivite alérgica relacionada ä dermatite atópica, destaca, pode provocar blefarite, inflamaçãopalpebral recorrente e baixa visual por inflamação na córnea.
Riscos da automedicação
Uma das principais causas de alergias graves que podem afetar a visão é o hábito que o brasileiro tem de usar medicamentos por conta própria. Para os olhos, Queiroz Neto afirma que o uso indiscriminado de antiinflamatórios hormonais, corticoides, representa o risco de desenvolver catarata e glaucoma, além da hipertensão arterial causada pela retenção de água e sódio. O especialista também chama a atenção para as interações perigosas entre colírios e medicamentos de uso interno. “’É o caso da aplicação incorreta de colírio antibiótico e pilula que pode cortar o efeito do anticoncepcional. Por isso é necessário sempre consultar um médico para tomar uma medicação nova”, adverte.
Cuidado com lente de contato
O especialista afirma que o uso além do prazo de validade ou ininterrupto de lentes de contato pode causar conjuntivite papilar gigante. A doença é caracterizada por intolerância à lente de contato. Neste caso a recomendação é interromper o uso e consultar um oftalmologista para acompanhar o caso. Insistir no uso da lente, observa, pode causar diminuição permanente da visão.
Prevenção
Independente do tipo de alergia a melhor prevenção é evitar o agente causador. Para proteger os olhos, as dicas de Queiroz Neto são:
Leôncio Queiroz Neto é, membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), da SBCII (Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares), da SBCR (Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa) e presidente do Instituto Penido Burnier, primeiro hospital oftalmológico do Hemisfério Sul.
Fonte: Instituto Penido Burnier, SP - Eutrópia Turazzi
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