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Teste de Medicamentos Contra Doença, Primeiro Uso de Células-Tronco


02-10-2008 08:33:10
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testes com novos medicamentos para combater doenças é a primeira utilidade que terá a produção de células-tronco embrionárias humanas, no Brasil.

 


“Podemos agora pegar um neurônio humano e na placa de cultura colocar um determinado medicamento para ver se ele tem efeito benéfico para determinada patologia. Isso é um avanço significativo. Investigar novos remédios sem precisar testá-lo no paciente é uma forma indireta da pesquisa chegar à população”. É explicação de Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas do Rio de Janeiro. 

Produção da primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas com tecnologia totalmente brasileira foi anunciada oficialmente em Curitiba (sul do Brasil), durante o III Simpósio Internacional de Terapia Celular. Após dois anos de pesquisa e 35 tentativas, cientistas da Universidade de São Paulo e do Instituto de Ciências Biomédicas do Rio de Janeiro, obtiveram a primeira linhagem de células-tronco estáveis da América Latina.

Resultados positivos foram conhecidos há três meses e agora confirmados. As células foram obtidas de embriões que estavam congelados em clínicas de fertilização in vitro, doados para pesquisa com a autorização dos genitores.

Rehen é um dos responsáveis pela pesquisa coordenada pela cientista Lygia da Veiga Pereira, durante o processo as células foram multiplicadas e testadas para ver se realmente eram capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo humano – pluripotentes.

“Antes desse avanço, os pesquisadores brasileiros interessados em trabalhar com células embrionárias humanas eram obrigados a importar linhagens congeladas. Cada tubinho de células ficava em torno de US$ 1,5 mil , muitas vezes perdidos porque ficavam retidos em alfândegas”, ressaltou o pesquisador.

Uso de embriões humanos em pesquisas foi legalizado no Brasil, em 2005, pela Lei de Biossegurança. A partir daí, segundo Stevens, a equipe começou as pesquisas com recursos do Ministério da Saúde. A primeira linhagem celular de embriões humanos foi divulgada em 1998, por cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA).

Para o pesquisador, a descoberta é um passo importante para a autonomia das pesquisas com células-tronco no Brasil. As células continuarão agora a ser multiplicadas in vitro e distribuídas amostras, através da Rede Nacional de Terapia Celular, do Ministério da Saúde, para pesquisadores que quiserem trabalhar com elas. São “imortais” e podem ser multiplicadas indefinidamente sem perder as características.

Descoberta é um fato histórico, de autonomia biotecnológica. Disse ainda que se trata de pesquisa básica, mas que permitirá aos cientistas trabalhar numa área que terá impacto muito grande, futuramente, na medicina regenerativa. ‘O desafio de transformar a célula em qualquer coisa, em neurônio, osso, é um desafio que o mundo inteiro tem para gerar um tipo de célula necessária para curar determinadas doenças”, afirmou

Considera importante trabalhar com as células-tronco adultas e também com as embrionárias. Agora, o Brasil, que tem pesquisadores de reconhecida competência, vai trabalhar nas duas áreas. “O domínio dessa tecnologia mostra um avanço científico muito importante para o Brasil.”

Stevens admite que o uso dessas células diretamente por médicos para curar doenças ainda vai demorar. Não existe ainda nenhum estudo clínico sendo feito no mundo com o uso das células-tronco embrionárias humanas. Existem apenas pedidos de autorização de estudos clínicos para células diferenciadas, feitos por companhias americanas, junto ao Food and Drug Administration (FDA), mas até o momento nenhum ensaio foi autorizado. “Existe uma preocupação muito grande com a segurança”.

Brasil pode agora concentrar estudos numa linhagem totalmente brasileira, sem se preocupar com propriedade industrial ou patenteamento no futuro. “Se conseguíssemos, com nossas pesquisas, transformar uma célula embrionária comprada no exterior, 100% em neurônio, teríamos que pagar patente ao proprietário da linhagem. Agora, somos livres para trabalhar.”

 

 

 

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