
Estudo da CNA quer orientar produtores de soja e milho no País sobre a melhor decisão financeira na hora de optar entre alugar, comprar ou terceirizar máquinas agrícolas. Foi lançado no encointro "Benchmark Agro: Custos de Produção 2025", em Brasília, durante o painel "Terceirização e Aluguel de Máquinas: Alternativas para a Colheita de Grãos".
André Dobashi, produtor rural e presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, conduziu o painel que contou com a participação de Débora Simões, sócia diretora de Estratégia e Soluções da Agroconsult, e do consultor de Negócios Agrícolas, Vinicius Camargos.
Dobashi afirmou que o estudo foi elaborado para auxiliar os produtores na tomada de decisão e não oferecer uma recomendação única ou padronizada para todos os produtores rurais.
Uma calculadora para ajudar
"A CNA, em parceria com a Agroconsult, desenvolveu o estudo e uma calculadora online para permitir ao produtor comparar os custos e benefícios da terceirização, do aluguel ou da compra de máquinas. É uma recomendação para que cada produtor analise a sua situação, de acordo com sua realidade, módulo ou sistema de produção, baseando-se em dados econômicos."
Débora Simões deu detalhes da metodologia usada no desenvolvimento do estudo, mostrando os prós e contras de cada operação. Ela destacou que de acordo com dados do Projeto Campo Futuro, da CNA, cerca de 17% do Custo Operacional Total (COT) do produtor é referente às máquinas e depreciação dos equipamentos agrícolas.
"Esse custo pesa no bolso do produtor e, por isso, é importante criarmos condições e um ambiente de maquinário favorável para que o produtor rural brasileiro tenha opções," observa.
O consultor e produtor Vinicius Camargos falou da experiência e frisou que em relação à terceirização de máquinas, o mercado só vai crescer se investir na qualificação da mão-de-obra operacional.
Comparativo de preços
Estudo "Máquinas Agrícolas: alugar, comprar ou terceirizar? Tome a decisão certa" compara os três principais modelos ao alcance dos produtores em relação a máquinas e equipamentos: frota própria, aluguel e terceirização de serviços, com base em dados do Projeto Campo Futuro.
O levantamento contempla 12 regiões estratégicas localizadas no Sul, Centro-Oeste e Matopiba+PA. Juntas representam mais de 80% da área cultivada com soja no Brasil.
Custo elevado e crédito mais restrito
Entre 2019 e 2025, os preços das máquinas agrícolas registraram forte valorização. De acordo com dados do Projeto Campo Futuro, os preços das plantadeiras aumentaram entre 131% e 225%. Para as colheitadeiras, a valorização variou de 57% a 124%. No caso dos tratores, os preços subiram de 107% a 154%.
Esse movimento foi acompanhado por uma alta significativa dos juros das linhas oficiais de crédito. Entre 2019 e 2025, as taxas do Moderfrota pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) subiram de 6,0% para 12,5% ao ano. Já as taxas do Moderfrota tradicional passaram de 7,0% para 13,5% ao ano.
Com a elevação dos custos fixos e maior dificuldade de financiamento, cresceu o interesse de produtores por alternativas como a terceirização e o aluguel de máquinas, diz o estudo.
Nesse cenário, o levantamento busca orientar o produtor quanto à melhor estratégia para cada operação, levando em conta escala, acesso ao crédito, janela operacional e penetração da segunda safra.
As orientações partem de premissas técnicas e simulações feitas com base em condições reais de mercado e linhas oficiais de financiamento, com análise de fluxo de caixa projetado, Valor Presente Líquido (VPL), ponto de equilíbrio e cenários de sensibilidade.
Ajuda na decisão do produtor
Terceirização se mostrou mais vantajosa para a colheita em todas as regiões analisadas. Essa preferência está relacionada ao elevado custo de aquisição e manutenção das colheitadeiras, ao uso concentrado em um curto período da safra e à baixa disponibilidade de mão de obra qualificada para operar esse tipo de máquina.
Diante desses desafios, a contratação de serviços especializados se mostra mais eficiente do ponto de vista financeiro, permitindo ao produtor reduzir o capital imobilizado.
Por outro lado, a terceirização também impõe desafios importantes. A disponibilidade de prestadores de serviço nos picos de safra pode ser limitada, especialmente em regiões de difícil acesso ou menor escala.
No caso do plantio e da pulverização, a vantagem da terceirização depende de fatores regionais. Para o plantio, ela foi mais viável em 5 das 12 regiões, especialmente onde não há milho segunda safra. Já a pulverização, que demanda alta frequência de aplicação e rápida resposta a pragas e doenças, foi mais eficaz com frota própria na maioria dos casos.
Aluguel, baixa adesão
O modelo de aluguel ainda tem baixa adesão no segmento de grãos e está concentrado em produtores maiores e com perfil empresarial. Os contratos oferecem vantagens como redução de capital imobilizado e acesso a máquinas modernas.
Plantadeiras e semeadoras, por terem custo inferior às colheitadeiras e menor desgaste operacional, apresentaram resultados mais equilibrados nas simulações, especialmente em cenários de juros elevados.
Ainda assim, a aquisição da máquina própria se mostrou, na maioria dos casos, mais viável que o aluguel.
Como é feito em outros países
Validação internacional - As conclusões do estudo também se alinham à experiência observada em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, tanto a terceirização de operações quanto o aluguel de máquinas, são práticas consolidadas.
Naquele País, há um mercado estruturado com ampla oferta de prestadores de serviços e contratos de locação flexíveis, inclusive com participação direta de grandes fabricantes. Além disso, é comum que produtores prestem serviços entre si para otimizar o uso da frota.
Na Argentina, a terceirização é predominante, especialmente pelo alto índice de propriedades arrendadas. Estima-se que 60% das operações mecanizadas sejam realizadas por prestadores de serviço, segundo dados da Federação dos Contratistas de Máquinas Agrícolas (Facma).
O setor no país vizinho é tradicional, com empresas familiares atuando há várias gerações, e conta com estrutura de logística, comboios e apoio técnico.
Segundo a CNA, as referências internacionais corroboram os resultados encontrados, que apontam para a crescente adoção de modelos mais flexíveis de mecanização como estratégia de otimização técnica e financeira, especialmente em um cenário de margens apertadas, máquinas mais caras e crédito mais restrito.
Flexibilidade e eficiência no planejamento
O levantamento da CNA reforça, contudo, que não há um modelo único ideal. A escolha entre frota própria, aluguel ou terceirização depende das características da propriedade, do ciclo de produção e das condições financeiras de cada produtor.
As simulações consideram premissas técnicas e médias regionais, e os resultados devem ser interpretados como apoio à tomada de decisão, não como recomendação direta. Com mais opções e dados, o produtor pode construir um planejamento mecanizado mais eficiente, reduzir riscos e melhorar sua rentabilidade.
Calculadora online
Ferramenta prática para apoiar decisões - Além do relatório técnico, a CNA vai disponibilizar uma calculadora online, que permitirá ao produtor rural simular e comparar, de forma personalizada, os custos e a rentabilidade dos diferentes modelos para operações de plantio, pulverização e colheita.
A ferramenta cobre as principais regiões produtoras e foi desenvolvida para apoiar a tomada de decisão. De forma simples e interativa, o produtor poderá inserir seus dados, como tamanho de área, dimensionamento do parque de máquinas, tipo de operação e condições de financiamento, obter uma comparação dos custos e benefícios em uma visualização gráfica dos resultados.
A base de dados da calculadora será atualizada periodicamente com dados dos painéis do Projeto Campo Futuro e de mercado. Tanto o estudo completo quanto a calculadora online estarão disponíveis na página oficial do estudo: www.cnabrasil.org.br/maquinasagricolas
Fonte: CNA, Assessoria de Comunicação
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