Especialistas condenaram os implantes hormonais para fins estéticos ou de desempenho esportivo, porque não existem estudos científicos sobre a eficácia e a segurança desses recursos que já mostram danos à saúde.
Cristiane Moulin, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, disse que os efeitos colaterais dos implantes hormonais vão desde queda de cabelo e acne até danos cardíacos e hepáticos. Apesar disso o uso dos implantes cresceu. “A população está sendo bombardeada por essas informações e, infelizmente, não tem como saber se faz mal, já que alguns médicos, priorizando o seu ganho financeiro, prometem que essas ações vão trazer benefícios para a saúde, inclusive utilizando celebridades como exemplos de sucesso.”
Representantes da ANVISA esclareceram na audiência que a gestrinona foi
permitida para o tratamento da endometriose por via oral na década de 80;
mas não houve pedido para registro de implantes, o que até dificulta medidas
restritivas. De qualquer forma, a Agência proibiu a publicidade de implantes
hormonais em 2021 e, em 2022, a gestrinona foi classificada como substância anabolizante.
Erica Costa, técnica, disse que a ANVISA tem conseguido apenas apreender implantes quando encontra grandes quantidades de produtos que não estariam baseados em receitas médicas. Segundo Erica, a agência também não sabe quem são os fabricantes. “Nós não temos conhecimento de quais são as farmácias exatas. Quem tem este conhecimento são os prescritores que têm contato direto com as farmácia.”
Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, disse que em março de 2023, a entidade proibiu a prescrição de hormônios para fins estéticos. Já o Conselho Federal de Medicina fez o mesmo em abril de 2023.
Segundo Paulo Miranda, os implantes hormonais têm sido prescritos para problemas diversos para os quais existem tratamentos eficazes, como redução de libido, sarcopenia, endometriose, distúrbios menstruais, redução de gordura, falta de energia e ganho de massa muscular.
Informação ajuda prevenir
Cristina Laguna, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, disse que é preciso fazer campanhas de informação sobre o assunto. “Eu tenho uma preocupação muito séria de que tudo que a gente via de anabolizante era dentro das academias ou via mídia social. E o que a gente está vendo com a gestrinona é a prescrição por médicos. Me assusta terrivelmente. Porque são os que deveriam deter o conhecimento para se preocuparem com os efeitos benéficos e maléficos”, afirmou.
O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO), que propôs a realização da audiência, sugeriu que os médicos divulguem mais os efeitos ruins dos implantes. “Deveria haver um trabalho mostrando realmente os efeitos colaterais principais que vocês têm encontrado na clínica diária”,, disse.
Cristina Laguna contou que, por causa dos efeitos colaterais, foi abandonada até mesmo a gestrinona oral para tratamento da endometriose.
Fonte: Agência Câmara de Notícias, Silvia Mugnatto
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