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Desperdício e burocracia atrapalham entrega de remédios contra o câncer


15-04-2022 13:36:16
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Desperdício foi o principal reclamo de profissionais de saúde que estiveram na Câmara dos Deputados para sugerir medidas que evitem a falta de remédios para tratamento de câncer. Ações de tratamento e combate à doença, passam pela compra e distribuição de medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). "É preciso usar as ferramentas disponíveis para que os desperdícios não convivam com a falta de medicamentos, como acontece atualmente." Alerta o médico Paulo Hoff.

 


Paulo Hoff é o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia e defende que uma compra centralizada e bem planejada faria com que as novas tecnologias estivessem disponíveis para toda a população.

“O poder de compra, o poder de negociação do Governo Federal poderia ser utilizado para conseguir um custo menor dessas terapias de alto custo. O Governo poderia disponibilizar créditos desses produtos para as unidades federadas para que os remédios e cuidados possam chegar aos pacientes.”

Burocracia atrasa cuidados


Denise Blaques, representante do Instituto Lado a Lado pela Vida, criticou a burocracia que impede o acesso dos pacientes aos medicamentos. Lembrou que anualmente 600 mil brasileiros desenvolvem câncer, e os tratamentos muitas vezes não são eficientes porque demoram a começar.

Disse que “os hospitais hoje não podem comprar medicamentos para futuros pacientes, mesmo sabendo que tem 200 cadastrados com um tipo de câncer e que a cada mês irão atender 20, 30 novos casos desse mesmo câncer. Os hospitais têm que esperar a próxima compra para incluir esses novos pacientes na lista e só então comprar o tratamento. E o pior: não há data prevista para essa próxima compra.”

Pandemia e logística difícil

Clariça Soares, representante do Ministério da Saúde, afirmou que já existe dentro do Ministério a divisão de medicamentos comprados pelo Governo Federal e pelas secretarias estaduais, mas admitiu que, com a pandemia, a compra e distribuição de remédios foram prejudicadas.

“Houve o impacto muito grande da pandemia, que gerou escassez dos insumos farmacêuticos ativos e dificuldade na logística, porque as fronteiras foram fechadas. Até há pouco, muitos medicamentos importados tinham que ser trazidos de navio, o que deixava a logística ainda mais demorada." Ressaltou ainda que o preço dos medicamentos sofreu um impacto muito significativo. "Então algumas situações que ocorrem aí nesse processo, acabam impactando o tratamento desse paciente.”

Gestão dos recursos


A deputada Silvia Cristina (PL-RO), que pediu a realização da audiência, destacou que o papel da comissão é justamente apontar soluções para que novas tecnologias de tratamento do câncer estejam disponíveis para os pacientes do SUS, dentro do prazo adequado.

“A gestão do serviço público é necessária porque existe um protocolo de tratamento de uma doença que é tão traumática na vida de tantas pessoas. Não temos mais espaço e nem tempo para receber reclamações de que estão faltando medicamentos”, lamentou Silvia Cristina.

Eduardo Calderari, vice-presidente da Interfarma, lembrou ainda que há prazo para usar os medicamentos. Falou que as terapias têm hora certa para ser utilizadas, e por isso é preciso garantir um diagnóstico precoce aos pacientes.

 

 

Fonte: Agência Câmara
 

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