A VTP tem dado esperança a pacientes com câncer de próstata em baixo risco. Além de barrar a oxigenação da área tratada, o tratamento estimula o sistema imunológico contra o câncer e mantém baixa toxicidade localizada, em contraponto aos demais tratamentos focais, que possuem toxicidade local maior e não preservam o órgão.
Pesquisa é desenvolvida pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (MSKCC), de Nova York, e começou há 13 anos.
Lucas Nogueira, urologista brasileiro e pesquisador visitante do MSKCC, que participa do estudo, disse que a substância, derivada da clorofila, é injetada na corrente sanguínea do paciente com a exposição de laser infravermelho na área a ser tratada provocando um infarto local. A região deixa de receber oxigenação e em horas já começa a ocorrer destruição do tecido iluminado. O tratamento é feito apenas no quadrante onde está o tumor, preservando o restante da próstata.
O médico disse que os resultados são bastante promissores, já que as opções existentes atualmente para o tratamento do câncer de próstata ainda têm riscos de incontinência urinária e de impotência, o que não ocorreu com a VTP. “Isso pra gente, no contexto, é uma coisa muito boa, porque consegue tratar o câncer desses pacientes com uma terapia minimamente invasiva, com alta no mesmo dia, se for o caso, e recuperação muito rápida e com nível de efeito colateral muito baixo”, disse o urologista Lucas Nogueira em entrevista à Agência Brasil.
Após a alta, o paciente não deve se expor ao sol por três dias e precisa se hidratar, para eliminação da droga pela urina.
Após 12 meses, 83% dos tratados não tinham câncer de grau 4 ou 5 de Gleason, que são padrões mais agressivos da doença, incluindo 92% dos pacientes que realizaram duas sessões do tratamento. Entre os 50 homens tratados, 46 foram avaliados até os 12 meses. Dos quatro que não concluíram o estudo, um teve falha do tratamento, dois recusaram a biópsia de 12 meses e um morreu de covid-19.
O estudo submeteu os pacientes aos questionários de padrão internacional para avaliação da continência (IPSS, na sigla em inglês) e da potência sexual (IIEF-15, na sigla em inglês). Efeitos adversos foram registrados em 12% dos pacientes, na sua grande maioria leves, sendo que todos foram resolvidos em três semanas.
Lucas Nogueira disse que a terapia já é aprovada na Europa, em Israel e no México para o câncer de próstata de baixo risco desde 2016. Agora, está em busca de aprovação para o tratamento em pacientes de risco intermediário.
A equipe do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center está finalizando a redação do estudo para ser publicado nos próximos meses e os médicos já elaboram os protocolos para o início da fase 3. O médico informou que os estudos dependem de patrocinadores e a fase 2b tem apoio da farmacêutica Steba.
Brasileiro espera que a continuidade da pesquisa com a fase 3 seja realizada em um período de 4 anos com 300 pacientes. “É um estudo mais longo que precisaria de 4 anos para ter resultados.”
Urologista torce para que a terapia seja aprovada também no Brasil. “Gostaria muito, se tiver a fase 3, de levar para o Brasil. Acho que seria muito bom para o brasileiro.”
O urologista revelou que os pesquisadores já estão planejando testar a terapia em casos mais avançados no futuro. “Já estamos desenhando para pacientes de alto risco”, disse, acrescentando que os estudos devem avançar também para o tratamento do câncer urotelial do trato superior, de bexiga, esôfago, pâncreas e pulmão. “Existe uma perspectiva muito boa com resultados preliminares no pulmão. Pode ser o próximo, mas é bem preliminar ainda”, completou.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil o câncer
de próstata é o segundo mais comum entre os homens, ficando atrás
apenas do câncer de pele não-melanoma. A estimativa do instituto
para novos casos é de 65.840 em 2020. Em 2019 foram 15.983,
conforme o Atlas de Mortalidade por Câncer. A taxa de incidência é
maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
Fonte: Inca e Agência Brasil
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