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Garimpeiros continuam conflitos contra Polícia Federal em Roraima

12-05-2021 11:54:35 (517 acessos)
Garimpeiros continuam as agressões contra ação da Polícia Federal que reprime crimes continuados na terra Yanomami, da Comunidade Palimiú, em Roraima. Ocupando uma embarcação no rio Uraricoera, os criminosos efetuaram disparos e foram combatidos pela equipe de policiamento que fazia levantamento sobre os ataques da segunda-feira, 10 de maio. Não houve feridos, mas o Governo Federal assegura que o processo de combate ao crime continua na região até a limpeza final.

 


De acordo com informações da Associação Yanomami Hutukara, o ataque de garimpeiros com armas de fogo contra a comunidade ocorrido dia 10 de maio, deixou ao menos 5 pessoas ficaram feridas, sendo 4 garimpeiros e 1 indígena. Associação informa que os servidores do posto de saúde do território da comunidade Palimiú, local do ataque, foram removidos no mesmo dfia.

O Ministério da Saúde confirmou que os profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena no Polo Base da Comunidade Palimiú estavam sendo retirados do local. A unidade de atendimento será reaberta tão logo seja possível atuar em segurança.

Sem mortes

Polícia Federal informou que não foram encontrados corpos de garimpeiros mortos no local. A corporação apurou que um indígena foi atingido de raspão, sem gravidade.

A ida até a Comunidade Palimiú dia 11 de maio, terça-feira, foi inviabilizada pelas condições climáticas, segundo a PF. No entanto, na segunda-feira, um garimpeiro detido pelos indígenas foi levado pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para para ser ouvido na Superintendência da Polícia Federal; mas foi liberado logo depois.

Na audiência à Polícia, o garimpeiro informou que estava subindo o Rio Uraricoera com destino ao garimpo quando foi abordado por indígenas. Em seguida, outra embarcação apareceu – com não indígenas a bordo –, que começaram a atirar. Indígenas recolheram cápsulas de munição, como balas de calibres 20mm, 380mm e 9 mm, que teriam sido utilizadas no conflito e entregaram o material para funcionários da FUNAI.

Ataque contra indígenas

A associação Yanomami informou que 7 barcos de garimpeiros portando armas de fogo teriam atracado no local por volta das 11:30 horas e atacado indígenas da comunidade, quando começou um conflito com tiroteio, com duração de cerca de meia hora. O documento é assinado por Dário Vitório Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara.

Em ofício enviado à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal (MPF), ao Exército e à Funai, a associação pediu que os órgãos atuem para “impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiú”. Segundo a entidade, os garimpeiros deixaram o local, mas ameaçaram se vingar.

Funai

Um relatório assinado pela coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana da Funai, Elayne Rodrigues Maciel, produzido na segunda-feira, 10, informa que os indígenas revidaram o ataque e que “não foi possível colher maiores informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques”.

Após o ataque, os indígenas se esconderam na mata, pois os garimpeiros disseram que voltariam para atacar novamente a comunidade, de acordo com relato que consta no relatório da Funai. “Dada a gravidade dos fatos e o perigo iminente de novos conflitos, não será possível que a Funai diligencie até a comunidade para colher maiores informações sem que haja escolta das forças de segurança pública”, finaliza Elayne no documento.

Na terça-feira, 11, a FUNAI divulgou nota dizendo que “acompanha, junto às autoridades policiais, a apuração de suposto conflito ocorrido na segunda-feira na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.”

A fundação acrescentou que o documento foi elaborado em âmbito interno, de forma preliminar, e que não reflete a posição oficial da Fundação. “O relatório apresenta versão unilateral sobre o ocorrido, com base em informações iniciais fornecidas por terceiro, carecendo, portanto, de apuração, o que já está a cargo das instituições policiais”, diz a nota.

Miinistério Público

Em Roraima, o Ministério Público Federal informou que está ciente sobre o conflito na TI Yanomami e que está aguardando informações oficiais dos agentes de campo para adotar as medidas cabíveis, dentro dos procedimentos existentes sobre garimpo ilegal em terras indígenas.

“Esse tipo de conflito tem sido alertado pelo MPF em diversos procedimentos, inclusive com ações na Justiça Federal pedindo um plano de retirada de garimpeiros, temendo possível genocídio. A Justiça já até decidiu a favor do MPF e da retirada do garimpo ilegal na TIY”, disse o MPF.

Cimi faz denúncias

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestou indignação após o ataque e exigiu o cumprimento por parte do Poder Executivo das obrigações constitucionais e das decisões proferidas pela Justiça. A entidade avalia que o episódio revela omissão e negligência do Estado em coibir a violência permanente causada pelo garimpo.

“Decisões no âmbito da Justiça Federal em 2018 e 2020 obrigam a União a adotar todas as medidas cabíveis para efetivar a retirada imediata e completa dos garimpeiros de dentro da TI Yanomami e a proteção do território”, divulgou, em nota, o conselho.

Yanomami maior reserva

Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami tem 9,6 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas, onde vivem mais de 27 mil indígenas espalhados em cerca de 331 comunidades. Essa terra indígena foi homologada em 1992, e a atividade de garimpo nela é ilegal.

Metade da população desse território - um total de 13.889 indígenas - mora em comunidades a menos de 5 quilômetros de uma zona de garimpo, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Socioambiental. A estimativa é que mais de 20 mil garimpeiros entrem e saiam dos territórios indígenas yanomami sem nenhum controle.

Na região de Palimiú, mesma região dos ataques de ontem e de hoje, as lideranças indígenas denunciaram em abril outro tiroteio por parte de garimpeiros, após a interceptação pelos indígenas de uma carga de quase 990 litros de combustível. Em fevereiro de 2021, a Associação Yanomami Hutukara denunciou um conflito na Aldeia Helepi, também na região do Rio Uraricoera, envolvendo grupos de garimpeiros armados.

 

 

Fonte: Polícia Federal e Agência Brasil
 

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