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De Astronomia ao agronegócio, mulheres ganham o Prêmio LOreal


24-08-2020 21:24:22
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Efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a saúde mental de adolescentes; a origem dos raios cósmicos e possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas e descoberta de um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca. São os temas vencedores do prêmio "Para Mulheres na Ciência" em 2020. Patrocinado pela empresa de cosméticos L'Oréal Brasil, tem amparo da UNESCO e Academia Brasileira de Ciências (ABC).

 


Vencedoras do L’Oréal-UNESCO-ABC “Para Mulheres na Ciência” 2020

Ciências da Vida:
Luciana Tovo (Ciências da Vida, a bióloga Luciana Tovo, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL – RS), foi reconhecida por sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 no estresse crônico de adolescentes.)
Vivian Costa (microbiologista Vivian Costa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que pesquisa soluções para identificar e tratar formas graves da dengue e outras doenças virais, como zika, chikungunya e até COVID-19.)
Fernanda Farnese (Ciências da Vida, a bióloga Fernanda Farnese, do Instituto Federal Goiano)
Andreia Melo (oncologista mineira Andreia Melo, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer - INCA – RJ)

 

Química:

Daniela Truzzi (química Daniela Truzzi, da Universidade de São Paulo (USP)

 

Física:

Rita de Cássia dos Anjos (física Rita de Cássia dos Anjos, da Universidade

Federal do Paraná (UFPR), que venceu na categoria Ciências Físicas)

 

Matemática:

María Amelia Salazar (Matemática, Universidade Federal Fluminense (UFF)

 

Investimentos em pesquisa científica para o desenvolvimento e descobertas voltadas para o bem-estar dos seres humanos deve ser o empenho dos pesquisadores. Essas tarefas não podem oprescindir das mulheres.É objetivo que inspirou há 15 anos, a L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), com o programa “Para Mulheres na Ciência”. Ideia é transformar o cenário científico, contribuindo para o equilíbrio de gêneros na área.

Em 2020 as contribuições que disputaram o prêmio, mostraram sintonia com esses interesses. E os ganhadores trataram de Avaliar os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a saúde mental de adolescentes; a origem dos raios cósmicos e a possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas; e, um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca.

 

Vivian Costa

“Em casos como esse, não adianta enfrentar só o vírus ou só a inflamação. É preciso desenvolver procedimentos que atuem nas duas frentes, reduzindo a carga viral e a inflamação excessiva causada pelo coronavírus. Estamos muito comprometidos em fazer a nossa parte, inclusive tenho alunos trabalhando voluntariamente nos diagnósticos de COVID-19”. Palavras de Vivian Costa.

 

Luciana Tovo

“Sabemos que a infância e a adolescência são períodos da vida críticos para início de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade”, argumenta Tovo. Para medir o estresse antes e após a pandemia, e estabelecer uma medida acurada, a solução dada foi a medição de estresse a partir do cortisol capilar. É o trabalho de Luciana Tovo.

“O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês. Avaliamos os três centímetros mais próximos da raiz, de modo a mensurar o estresse vivenciado nos três meses anteriores à coleta”, explica Luciana.

 

Rita de Cássia dos Anjos

Uma das perguntas que motivam Rita é se galáxias em que há intensa formação de estrelas, conhecidas como galáxias starburst — que estão entre as mais luminosas do universo e apresentam fortes ventos — podem ser fontes de aceleração e propagação de raios cómicos.

Como pesquisadora e mulher negra, Rita já vivenciou diversas situações de racismo dentro e fora da academia e acredita na importância de aumentar as oportunidades de acesso e representatividade da população negra nas carreiras de maior prestígio e remuneração.

A cientista colabora com o projeto “Rocket Girls: Meninas na Astronomia e na Astronáutica”, que realiza atividades em robótica, arduíno e astronomia com meninas de escolas públicas de Palotina (PR).

A ideia é motivar as jovens a se interessarem pelas Ciências Exatas, área historicamente excludente e masculina. “Quando você mostra que passou por dificuldades, quando você fala da sua realidade e mostra para as meninas que é possível, elas se animam”, reflete.

 

Fernanda Farnese

Farnese foi premiada por desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca.

“Previsões apontam para uma redução de até 30% das chuvas no Brasil até o fim do século”, destaca Farnese. Ao perceber os impactos dos veranicos sobre a soja, teve a ideia de aspergir um líquido com substâncias produtoras do gás sobre as folhas da planta.

“O óxido nítrico altera o metabolismo da planta, intensificando mecanismos de defesa e, dessa forma, aumentando a tolerância à seca. Constatamos um crescimento de 60% na produtividade da soja”.

Andreia Melo

A proposta de Melo é um estudo translacional, que envolve desde análises em laboratório até uma proposta clínica. Dependendo das características moleculares dos tumores, um paciente pode enfrentar a enfermidade de forma mais ou menos favorável.

Estudo para aperfeiçoa a imunoterapia contra o melanoma de mucosa, um tipo de câncer raro e grave, para o qual a sobrevida mediana é menor que 12 meses.

“Muito do que se faz hoje, na oncologia, é buscar essas diferentes características para entender qual vai ser o desfecho da doença”, explica a pesquisadora.

 

Daniela Truzzi

A cada ano, os 14 membros do júri do programa selecionam trabalhos com potencial de encontrar soluções para questões ambientais, econômicas e de saúde. É o caso do trabalho de Daniela que busca compreender o funcionamento do óxido nítrico, gás relacionado a diversos processos, como a contração dos vasos sanguíneos, a defesa imunológica e a cicatrização de tecidos.

“Sabemos pouco sobre o que o óxido nítrico produz. Aprofundar esse conhecimento é fundamental para entender melhor os processos nos quais ele está envolvido”, explica a química Daniela Truzzi.

 

Maria Amelia Salazar

Laureada na categoria de Matemática, Salazar estuda estruturas geométricas abstratas e complexas, contribuindo para uma nova área da matemática.

Objeto da pesquisa remonta a uma teoria da simetria contínua e a aplicação ao estudo da geometria e das equações diferenciais, do século 19. “É uma história bonita, porque faz a ponte entre duas áreas da matemática que, em princípio, não tinham a ver uma com a outra”, analisa a pesquisadora.

Um Prêmio melhor

E, a partir de 2020, o Prêmio traz uma novidade às vencedoras. A UNESCO dará treinamento para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias, incluindo webinários sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.

Há 15 anos, o programa “Para Mulheres na Ciência” premia pesquisadoras de diversos lugares do Brasil. Nesse período, o programa já reconheceu e incentivou mais de 100 cientistas, premiando a relevância dos seus trabalhos, com a distribuição de mais de 4,5 milhões de reais em bolsas-auxílio.

Para apoiar as jovens  cientistas a darem prosseguimento aos estudos, o programa “Para Mulheres na Ciência” contempla sete jovens pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil.

 

 

 

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