Nélida Piñon
Falecimento em 17/Dezembro/2022

Nascimento em 3/Maio/1937

A escritora carioca Nélida Piñon morreu em Lisboa, aos 85 anos. É integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1989. Foi a primeira mulher a presidir a entidade. Ocupou o posto entre 1996 e 1997.

ABL destacou a importância de Nélida Piñon. A entidade anunciou que ficará sepultada no seu mausoléu. No dia 2 de março de 2023, no Salão Nobre foi realizada a Sessão da Saudade. A ABL informou que trata-se de uma cerimônia tradicional, na qual os integrantes externarão o seu sentir e o seu pensar sobre a colega homenageada. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) também lamentou a perda de "uma das mais brilhantes escritoras brasileiras".

Descendente de galegos, Nélida Piñon se formou em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Estreou na literatura com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus.

Em 1984, lançou uma das obras mais marcantes: A república dos sonhos. No romance, baseado na história de uma família de imigrantes galegos, faz reflexões sobre a Galícia, a Espanha e o Brasil.

Escritos de Nélida foram traduzidos em mais de 30 países e contemplam romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias, que renderam conquistas importantes, como o Prêmio Jabuti, o mais tradicional reconhecimento literário do Brasil. Elscritora recebeu a honraria na edição de 2005 com o romance Vozes do Deserto. Ao longo da carreira a escritora obteve mais de 40 condecorações nacionais e internacionais.

No meio acadêmico, foi professora na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve o título de Doutor Honoris Causa em instituições de ensino de diferentes países. Em 1998, foi a primeira mulher a alcançar esse feito na Universidade de Santiago de Compostela, na região da Galícia, na Espanha.

Amigos lamentaram a morte de Nélida Piñon nas redes sociais. "Um silêncio inacreditável se faz na alma dos que amam a literatura. A minha querida amiga de tantos anos, Nélida Piñon nos deixou há pouco em Lisboa. Ela me mandou esta foto semana passada, prometendo estar hoje no Rio para um almoço. Tristeza imensa." Assim escreveu o jornalista, escritor e gestor cultural Afonso Borges. Junto à postagem,  compartilhou uma imagem da escritora acariciando no colo o cachorro de estimação.

O sociólogo Sérgio Abranches também prestou manifestou pesar. "Estou arrasado com a morte da amiga querida, Nélida Piñon. Era de uma doçura e gentileza inexcedíveis. Uma escritora forte. Uma mulher autodeterminada. Uma perda para o Brasil e para a literatura. Uma perda pessoal. Falamos pouco antes de ela partir para Espanha e Portugal."

 

Fonte: Agência Brasil. 

 Foto, Fernando Frazão