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Exploração de gás de xisto contamina as águas e gera protesto no Brasil


08-11-2021 20:07:25
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Impedir o novo leilão e a continuidade da exploração do gás de xisto no subsolo brasileiro, é o que pretendem os organizadores de um movimento nacional durante todo o domingo (151004). Protestam contra o "fraturamento hidráulico" ou "fracking", o que consideram "sério risco" porque o processo injeta água misturada a produtos tóxicos, cancerígenos. Mobilização é acionada pelas entidades 350.org Brasil e COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil. Temor da exploração de gás pelo meio não convencional.

 


Dirigentes das entidades 350.org Brasil e COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil explicam os malefícios de processos de extração. .

"Fracking é um processo destrutivo usado para extrair gás da rocha de xisto que se encontra no subsolo. É preciso perfurar um poço profundo e injetar milhões de litros de água misturada a centenas de produtos tóxicos e cancerígenos; e, toneladas de areia a uma pressão alta o suficiente para fraturar a rocha e liberar o gás metano".

 

Denunciam que a prática deve ser proibida porque contamina com produtos químicos, a água destinada ao consumo em geral. Já fizeram esse pedido ao Ministério Público Federal (MPF) durante seminário em Brasília. Entidades lembram que esses procedimentos estão associados às mudanças do clima e até terremotos.

 

Xisto betuminoso

 

 

O xisto betuminoso é uma rocha sedimentar e porosa, rica em material orgânico. Tem camadas onde é possível encontrar gás natural semelhante ao derivado do petróleo, que pode ser destinado para o uso como combustível de carros, geração de eletricidade, aquecimento de casas e atividade industrial.

 

Por se encontrar comprimido, o processo de extração do gás é complexo e requer alta tecnologia para a perfuração de zonas profundas, geralmente a mais de 1000 metros de profundidade.

 

Aquíferos se esgotam

Pesquisas demonstram que as águas subterrâneas dos aquíferos, ficam mais vulneráveis, pois já estão dando sinais de esgotamento. Nos locais onde faltam, a terra tende a ceder engolindo tudo o que existe na superfície. Agora podem ser contaminadas pela exploração do gás de xisto.

 

Desde o leilão de 2013, técnicos vem atuando para impedir a exploração do gás de xisto, devido comprovados malefícios ao meio ambiente. No protesto de domingo os responsáveis alertam os administradores públicos e governos, quanto aos perigos. Apesar da contrariedade, o governo brasileiro segue decidido a proceder novo leilão marcado para dia 7 de outubro, envolvendo 266 novos segmentos de extração de xisto.


Mata tudo em volta

 
"A decisão do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) em abrir as portas do país para operações de fracking representa uma séria ameaça para a água que bebemos, para o ar e também para a nossa saúde. Não queremos arriscar, pois fracking mata tudo que está a sua volta." É o que diz Juliano Bueno de Araujo, fundador e coordenador nacional da COESUS.
 
Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil, indica outros perigos. "Mesmo após o fim da operação do poço, continua o vazamento sistemático do metano, um gás de efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas e é 86 vezes mais prejudicial que o CO². O fracking intensifica as mudanças climáticas e representa uma ameaça ao planeta".

 

No Brasil e exterior
  

Acre, Bahia, Brasília, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná estão integrados ao movimento, segundo os organizadores. No exterior há adesões no Canadá, Espanha, Inglaterra, Peru e Portugal.
 
 
 Quem compreende a extensão do movimento, pode participar organizando eventos nas localidades onde moram. Podem enviar imagens e vídeos para 
naofrackingbrasil@gmail.com . E para saber mais sobre a campanha deve acessar o site www.naofrackingbrasil.com.br.

 

Exploração de Xisto gera 

controvérsias por ter riscos

 

 

Representante da Petrobras na audiência pública da Câmara Federal em 2013, Otaviano da Cruz Pessoa, reconheceu que, de fato, há riscos na exploração de gás de xisto. Mas considera que são riscos inerentes a qualquer atividade energética, inclusive de gás convencional. Greenpeace, Agência Nacional de Águas e pesquisadores avaliam necessidade de estudos para exploração.

"A única diferença do gás de xisto em relação ao tradicional é que, no caso do xisto, as rochas onde está o gás têm menos fluidos e, por isso, você tem que perfurar milhares de poços", explicou Otaviano Pessoa (reporesentante da Petrobras à época, ano 2013) durante audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Câmara Federal.

Melhor avaliação dos impactos


Segundo Fernando de Oliveira, que participava em 2013 da Agência Nacional de Águas (ANA), os impactos da obtenção do gás não convencional ainda precisam ser melhor avaliados antes de liberada a exploração comercial.

Já para o coordenador da Campanha de Energia da ONG Greenpeace, Ricardo Baitelo, o uso do gás de xisto não é imprescindível neste momento. "Ainda que a demanda energética nacional aumente mais de duas vezes até 2050, temos fontes renováveis e reservas de gás convencional suficientes para suprir a demanda dos setores industrial e elétrico", defendeu.

Controvérsia científica


Especialista em efeitos ambientais na prospecção do gás de xisto, Jailson de Andrade lembrou que a maioria das análises sobre o assunto aponta a necessidade de estudos prévios locais para exploração. Admite que ainda há muita controvérsia científica quanto à questão.

"Há um estudo da National Academy of Science, nos Estados Unidos, que mostra que, em 241 poços de água potável na Pensilvânia, quanto mais próximo de áreas de exploração de xisto, maior a quantidade de metano (tóxico e inflamável) na água”, informou Jailson. “A controvérsia na literatura é se isso já existia antes ou se é resultado da perfuração para obtenção de xisto."

Jailson de Andrade lembrou que a Academia Brasileira de Ciência e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência encaminharam carta à presidente Dilma Rousseff solicitando a suspensão da prospecção de gás de xisto no Brasil até que haja um laboratório para se entender os seus impactos.

"De onde virá a água que será utilizada na prospecção? Para onde vai água possivelmente contaminada? A partir dessas respostas, vamos ver se vale a pena a exploração", argumentou.

Rede de pesquisadores


Segundo Jailson de Andrade, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) devem definir hoje as bases para uma rede brasileira de pesquisadores sobre o tema.

 

 

 

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