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Estrada da Graciosa, rica de paisagens, está em risco de destruição


24-12-2022 13:55:40
(4213 acessos)
 
Matéria veiculada em 08-12-2014 18:59:29. Corre sério risco de destruição em mais de uma dezena de pontos, a centenária Estrada da Graciosa, origem dos primeiros caminhos de colonizadores que desceram no Porto de Paranaguá e atravessaram a Serra do Mar. Só história, a via tem pontos preservados dos antigos caminhos e da própria estrada, ainda com pedras. Só foi asfaltada em alguns lugares.

 


Durante os últimos anos, a Estrada tem sofrido intensificação de tráfego, tanto pelo encarecimento da opção BR-277, onde se cobra o maior valor de pedágio da história do Brasil, como pelo reconhecimento de atração turística. Nos fins de semana e feriados, a estrutura criada ao longo, atrai visitantes que se instalam nas churrasqueiras e quiosques. Mas é a demanda aos atrativos do litoral que provocou aumento quatro vezes maior, do tráfego.

Em alguns locais a Estrada simplesmente ruiu. Em 2014 ficou interditada por mais de 6 meses, tempo destinado aos reparos nas proximidades da Vista Presidente Carlos Cavalcanti, km 15. Obras ainda estão em fase de conclusão apesar do tráfego ter sido liberado, devido aos reclamos dos usuários e comerciantes que sofreram muitos prejuizos.

Também no km 13,5 a situação da Estrada da Graciosa ficou deteriorada gravemente. Caiu uma barreira nas partes superior e inferior e o tráfego teve de ser fechado. Obra muito maior que a outra, está em fase de conclusão. Foi preciso executar barreiras de contenção com reconstrução do próprio leito histórico.

Mas os problemas podem ser observados ao longo de todo o trecho que atravessa a Serra do Mar. Novas quedas podem ocorrer em pelo menos 10 pontos de passagem. E há barreiras laterais destruídas pelo abalroamento de motoristas não muito hábeis. Cabe aos defensores do Patrimônio Histórico paranaense, unirem-se aos responsáveis do Estado para proteger a Estrada da Graciosa com um plano de uso e conservação, enquanto é utilizada.

 

Estrada da Graciosa

uma história de

anos de colonização

As obras de construção da estrada foram concluídas em 1873, tendo sido iniciadas logo após a criação da Província do Paraná, por ordem do primeiro presidente, Zacarias de Góis Vasconcelos. Até a metade do século XX, a Estrada da Graciosa permaneceu como única opção pavimentada do Estado na direção do Porto de Paranaguá. Foi importante rota de escoamento da produção agrícola (café, erva-mate e madeira) do Paraná rumo ao Porto de Paranaguá e ao Porto de Antonina.

Estrada da Graciosa - PR-410 atravessa o trecho mais preservado de Mata Atlântica do país e é amplamente utilizada por usuários que desfrutam das estruturas de lazer localizadas em 6 recantos distribuídos ao longo do trajeto. Os trechos do antigo Caminho Colonial também são acessados pela Estrada da Graciosa e formam um cenário atraente com a sinuosa rodovia, a flora e a fauna, típicas da Serra do Mar.

O Caminho da Graciosa é um dos 5 caminhos, em território paranaense, que atravessa a barreira natural da Serra do Mar, integrando o litoral e o Planalto Curitibano. As primeiras notícias deste caminho datam de 1721.

A Graciosa recebeu ao longo dos tempos, 3 pré-denominações, ou seja: Trilha da Graciosa, Caminho da Graciosa, e Estrada da Graciosa. A estrada foi construída, a partir de 1854, ano da emancipação da Província do Paraná, com uma extensão de 28,5 Km, utilizando os antigos traçados tanto da trilha quanto do caminho, levou 20 anos para ser terminada. Em 1973 foi oficialmente inaugurada.

Até a metade do século XX a Estrada da Graciosa era a única pavimentada em todo o território do Estado do Paraná. A economia paranaense dependeu por um longo tempo desta estrada. Por ali passavam os caminhões carregados de madeira, mate (um dos principais produtos de exportação, que saía dos Campos Gerais e Guarapuava), e café, passando por Curitiba e seguiam em direção ao Porto de Paranaguá e Antonina. Até a década de 1960, transportaram parte das riquezas produzidas e beneficiadas serra acima; servindo, também, como via de acesso às famílias de todo o Estado que em época de verão se deslocavam em busca de lazer nas praias e ilhas do nosso litoral.

Hoje, ainda são presentes os remanescentes históricos da trilha e do caminho, principalmente do último. São trechos de calçamento encontrados, em alguns pontos, ao largo da estrada, restaurados e conservados. Além das ruínas históricas que contém, parte da Estrada é utilizada regularmente, tornando-se a única via de acesso ao litoral com características de Estrada Parque e Caminho Histórico. Por isso, atualmente, o caminho e a estrada são largamente utilizados na preservação do patrimônio cultural do Estado do Paraná.

Além dos valores histórico e cultural, a Estrada da Graciosa está inserida num dos últimos remanescentes da Floresta Atlântica. Pela importância, recebeu reconhecimento com a criação da Área Especial de Interesse Turístico do Marumbí, em 1984. A Serra do Mar Paranaense foi tombada pela Coordenadoria de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, em 1986, cujas regulamentações são instituídas pela Lei 1.211/1953. Os limites geográficos do tombamento foram utilizados na declaração de Reservada da Biosfera da Mata Atlântica, instituída pelo MAB-UNESCO, em 1992. Estes dois instrumentos de preservação são de extrema importância para o patrimônio cultural, já que permitem uma atuação muito ampla de pesquisa e preservação.

Foto

Em abril de 2015, um prenúncio de que a Estrtada deveria merecer maior atenção. Esta queda causou interrupoção de 6 meses e foi restaurada, mas os desafios apoontados culminaram em dezembro de 2022, com vários pontos destruídos.

 

A Estrada da Graciosa também limita dois importantes parques estaduais: o Parque Estadual da Graciosa e o Parque Estadual Roberto Ribas Lange. Os planos de manejo dos parques estaduais têm, atualmente, dado importância fundamental às questões de patrimônio cultural.

Deste modo, faz parte de um conjunto de instrumentos de conservação, que envolve várias instituições do Estado, como: a Secretaria do Estado do Meio Ambiente/Instituto Ambiental do Paraná e a Secretaria do Estado da Cultura, entre outras.


Com o intuito de propiciar aos usuários paradas agradáveis de descanso ao longo da Centenária Estrada da Graciosa, o DER implantou e mantém a conservação dos 7 recantos denominados Vista Lacerda, Rio Cascata, Grota Funda, Bela Vista, Curva da Ferradura, Mãe Catira e São João da Graciosa, que representam um dos mais importantes pólos turísticos do Estado e uma ótima opção de lazer para os habitantes da Grande Curitiba nos finais de semana, colocando-se em evidência a beleza da Serra do Mar Paranaense.

 

 

 

 

 7 Comentários para esta notícia

  1. author

    Bom dia venho aqui solicitar o reparo emergencial de Sousa pontos da Estrada da Graciosa, um próximo ao Km 13.3 e outro mais acima deve ser Km 12 , não encontrei o marco do km, tem que interditar meia pista e executar reparo para que com a chegado das chuvas não desmorone por completo e interditar está Rodovia importante para o TRT urismo do Paraná.

  2. author

    Muito boa a matéria, porém discordo de alguns pontos, ultilizo a rodovia praticamente todos os dias, e tenho visto um trabalho excelente do DER, o qual várias vezes por semana faz a manutenção, tanto de manutenção da via quanto à coleta de lixo.

  3. author

    18/01/2015, resolvemos ir para Morretes via Graciosa . Que triste cena ver inúmeras pessoas ou melhor uma multidão invadindo esse paraíso e deixando muito resíduo e dejetos na região . Deveria existir cobrança de entrada , que tivesse como controle o número de pessoas que circulam e que também alguma renda que pudesse ser revertida em cuidados

  4. author

    Nosso Patrimônio! Diga-se de passagem: linda, maravilhosa. Faz parte da História de nosso Paraná. Precisamos sim, despertar a consciência de todos. Belo papel está desempenhando o "Noticiário". Parabéns!!!

  5. author

    Imagine a felicidade em ser receptivo para a luta histórica que venho travando desde 1967, em favor do uso saudável (sustentável) dos recursos naturais. Vê-se que não está aqui apenas como observador inculto. É partícipe, como gostaríamos que todos fossem. "N", ou "noticiário", como queira, tem uma profunda ação de humanismo. De maneira simples, às vezes sem a sofisticação de recursos da web, esperamos os leitores que discutam os temas, sugestões ofereçam. Não estaríamos assim, até com a justiça degradada, nivelada por baixo, à moda de incultos, se tivéssemos este recurso moderno logo após a tempestade da ditadura. A propósito do assunto Graciosa, observe para ver quer medidas serão tomadas.

  6. author

    Imagine a felicidade em ser receptivo para a luta histórica que venho travando desde 1967, em favor do uso saudável (sustentável) dos recursos naturais. Vê-se que não está aqui apenas como observador inculto. É partícipe, como gostaríamos que todos fossem. "N", ou "noticiário", como queira, tem uma profunda ação de humanismo. De maneira simples, às vezes sem a sofisticação de recursos da web, esperamos os leitores que discutam os temas, sugestões ofereçam. Não estaríamos assim, até com a justiça degradada, nivelada por baixo, à moda de incultos, se tivéssemos este recurso moderno logo após a tempestade da ditadura.

  7. author

    Muito boa sua reportagem com os controles visuais. Temos que preservar sim a história do nosso Paraná. Todo cuidado é pouco, pois o homem na condição do topo da cadeia alimentar tem o papel de destruidor. A natureza não esta escape deste. Quando tomamos ações para resolver um problema temos que ter o cuidado para não inserir um outro ainda maior, a Graciosa pede socorro.


 

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