É o que mostra um levantamento realizado pela equipe do Instituto Penido Burnier nos relatórios da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos). Entre janeiro e março de 2015 o País realizou 3.031 transplantes de córnea e a fila somava 10.048 inscritos, totalizando 13.079 brasileiros com necessidade da cirurgia.
No mesmo período de 2025, foram 35.651 brasileiros que buscaram pelo transplante. Desses 3.959 passaram pela cirurgia e 31.792 estavam inscritos na fila.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo os serviços públicos de saúde realizaram, de janeiro a abril de 2024, nada menos que 160 diagnósticos da doença que subiu para 542 no mesmo período de 2025. Revelam os relatórios da ABTO que o estado de São Paulo é o primeiro do ranking de transplantes e responde por 35% do todas de cirurgias.
Aquecimento do clima e poluição
De acordo com o oftalmologista Queiroz Neto, diretor executivo do hospital e membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), uma das causas do aumento do ceratocone é o aquecimento global que somado à maior poluição, aumentou o número de pessoas alérgicas no País.
Ensina o Médico que o principal fator de risco do ceratocone é o hábito de coçar os olhos. Embora a condição possa ter um componente genético, é uma doença multifatorial que geralmente surge na puberdade e adolescência, embora possa aparecer mais tarde.
Os principais fatores de risco parra o ceratocone, são:
Queiroz Neto explica que não é apenas por concentrar a maior população do Brasil que o Estado de São Paulo realiza mais de 1 em cada 3 cirurgias.
O domínio do transplante de córnea pela técnica lamelar que substitui apenas a parte comprometida da córnea também explica esta participação. O transplante lamelar permite que uma única córnea devolva a visão para 2 pessoas, além de permitir a recuperação mais rápida, por eliminar pontos e diminuir o risco de rejeição.
Ressalta o Oftalmologista que muitos pacientes buscam por vagas no interior do Estado que tem atendimento mais rápido que em outras partes do País.
Sintomas e diagnóstico
O ceratocone tende a progredir de forma gradual e muitas vezes é confundido com astigmatismo, no início. Queiroz Neto destaca que geralmente surge na puberdade e início da adolescência, mas pode ocorrer também entre adultos.
A tomografia da córnea, exame que analisa as duas faces da córnea, anterior e posterior, é crucial para detectar a doença logo no início. Os sintomas elencados por Queiroz Neto são:
·Visão embaçada e embaralhada;
·Troca frequente dos óculos;
· Coceira e irritação nos olhos;
·Aumento progressivo da miopia, astigmatismo e irregularidades na córnea;
·Sensibilidade à luz (fotofobia) e ofuscamento;
·Enxergar halos ao redor das luzes, especialmente à noite;
·Visão dupla ou poliplopia, visão de múltiplas imagens de um único objeto.
·Dificuldade de dirigir à noite e de adaptação às lentes de contato
·Desconforto nos olhos causado pela irregularidade da superfície da córnea;
Tratamentos, óculos e colírios
No início, o tratamento é feito com óculos e colírios para reduzir a coceira, afirma Queiroz Neto. Mas conforme o ceratocone progride, são indicadas lentes de contato rígidas que aplanam o cone da córnea e permitem melhor correção visual.
Crosslink interrompe
Ressalta o Médico de Campinas que o único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone é o crosslink. Trata-se de uma cirurgia ambulatorial realizada com aplicação de luz ultravioleta associada à riboflavina (vitamina B2) que aumenta em até três vezes a resistência da córnea.
O procedimento é contraindicado para olhos com glaucoma e córneas com menos de 4 micras de espessura. Em alguns casos também melhora a visão, especialmente quando aplicado em crianças.
Anel intraestromal e lente escleral
Para melhorar a visão o tratamento pode incluir o implante de um anel entre as camadas da córnea que aplana o cone e facilita a adaptação à lente de contato.
Uma alternativa para escapar do transplante de córnea nos casos de ceratocone avançado é a adaptação de lentes esclerais.
Queiroz Neto observa que essa lente fica apoiada na esclera, parte branca do olho e por isso é mais confortável que as lentes rígidas que se apoiam na córnea.
Crianças que têm hábito de esfregar os olhos, devem passar por consulta. O ceratocone é mais agressivo na infância, mas também responde melhor aos tratamentos
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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