Cirurgia pode acabar com o desconforto
e diminuir a fila de transplante
de córnea que está em alta.
Diagnóstico tardio
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, o relatório do SNT confirma um levantamento feito nos prontuários do hospital de 319 pacientes com ceratocone. "O diagnóstico é tardio para metade dos que têm a condição. Isso explica, porque só nos três primeiros meses do ano aconteceram 4.048 transplantes,
53% entre mulheres e 47% entre homens.
"Nosso olho funciona como uma máquina fotográfica. "Precisamos de duas lentes trabalhando em sincronia para enxergarmos bem. A córnea lente externa do olho e o cristalino, lente interna. As duas captam a luz e enviam para a retina. Se uma falhar nossa visão não vai ser boa" afirma Queiroz Neto.
O problema é que ao ceratocone é insidioso. Atinge 200 mil brasileiros, mas muitos nem imaginam porque enxergam tudo fora de foco. Este foi o caso de Juliana Alvez (47) que há dois meses implantou uma microlente entre a íris e o cristalino para corrigir 7 graus de miopia associada ao ceratocone brando. "Só descobri o ceratocone aos 21 anos. Pensei até que não poderia operar. Fiquei com minha visão perfeita. Não posso nem acreditar que acordo enxergar tudo sem óculos, nem lente de contato que eu sempre tive dificuldade de usar", comenta. Juliana não está sozinha. Dos 319 pacientes participantes do levantamento no hospital, 41% afirmaram ter intolerância à lente de contato. Queiroz Neto afirma que para quem o implante de ICL é contraindicado a alternativa mais confortável é a lente de contato escleral. Isso porque, fica apoiada na esclera, parte branca do olho, invés de ficar apoiada borda da córnea.
Indicações
Nem todos têm a mesma sorte de Juliana. Queiroz Neto afirma que a condição geralmente surge na puberdade e muitos já chegam à primeira consulta com a córnea bastante frágil. "Isso porque o ceratocone afina progressivamente a parte central da córnea que toma o formato de um cone. Quando o diagnóstico é tardio pode inviabilizar, inclusive, o crosslink, único procedimento que interrompe em 80% dos casos a progressão da doença.
O oftalmologista afirma que o implante de ICL só é indicado após completo exame oftalmológico que inclui: paquimetria da córnea., tomografia, biometria, microscopia especular, gonioscopia e teste de visão potencial para prever resultados.
A cirurgia é indicada para:
·Pacientes com intolerância à lente de contato;
·Miopia de 6 a 18 graus e astigmatismo estabilizado de até 4 ;
·Idade entre 21 e 45 anos;
·Estabilidade de grau há pelo menos um ano para altos míopes e de 1 a 2 anos para quem tem ceratocone;
·Pacientes sem olho seco;
·Diâmetro da pupila até 7 mm;
·Não ter passado por refrativa a laser ou outro procedimento no segmento anterior dos olhos.
Contraindicações
As principais contraindicações da ICL apontadas por Queiroz Neto são:
·Ceratocone progressivo (necessita primeiro de crosslinking para estabilizar a doença);
·Córnea extremamente fina (risco de perfuração ou ectasia pós-cirúrgica);
·Opacidade central na córnea que prejudique a visão mesmo após correção refrativa;
·Endotélio, camada interna da córnea, com menos de 2.000 células/mm;
·Histórico de glaucoma de ângulo aberto ou fechado;
·Mulheres grávidas ou em período de amamentação devido a oscilação da refração e possível piora do ceratocone relacionada às alterações hormonais.
·Catarata significativa.
Independente das condições de saúde de cada um, o acompanhamento médico é fundamental para evitar maiores complicações, finaliza.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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