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Combustíveis do futuro: hidrogênio, biogás e descarbonização


18-10-2024 16:18:10
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Tendências atuais sobre a produção de Biocombustíveis: Hidrogênio Verde, Combustível Sustentável para Aviação (SAF, na sigla em inglês), Etanol, Biogás e outros produtos, foram mostradas no 1º Workshop de Transição Energética ABDIB 2024. Nesse evento também se tratou da matriz nacional de transportes, da nova indústria Brasil e dos créditos de carbono. “Gerar produtos mais verdes e aumentar nossa competitividade nas cadeias globais de valor,” foi objetivo dos trabalhos, conforme Venilton Tadini.

 


Presidente-executivo da Associação Brasileira de Indústria de Base, a ABDIB, Tadini entende que a herança do evento “encontrará o Brasil em meio a um processo de retomada de crescimento e, se o País trabalhar de forma adequada, poderemos aproveitar as oportunidades diante de uma situação que nos coloca numa posição vantajosa no cenário internacional “

Solange Ribeiro, vice-presidente do Conselho de Administração da ABDIB, destacou a importância da sanção, na véspera, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do projeto dos Combustíveis do Futuro, relatado pelo deputado Arnaldo Jardim. Parlamentar foi um dos painelistas convidados. O Workshop foi moderado pelo coordenador do Comitê de Transição Energética, Antônio Bardella, que destacou a importância do tema. Ações precisam acontecer no curtíssimo prazo. 

Conforme recordou Bardella, o Brasil assinou em 2021 a meta de levar a zero a emissão de gases de efeito estufa em 2050. O problema é que cerca de 25% dos gases gerados pelo Brasil, vêm dos fertilizantes agrícolas ou do metano produzido pela agropecuária — que são essenciais para a economia. Isso aumenta a exigência sobre as metas de emissão de CO2 que, para surtirem o efeito necessário em 2050, terão que ser cumpridas em 2040.

 

Vetores da descarbonização

O professor Nivalde José de Castro, Coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico — GESEL —, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou em sua apresentação que “o desafio da descarbonização é simples de ser definido e complexo de ser executado”. O processo de descarbonização conta com três vetores importantes e o Brasil está bem-posicionado em todos eles. 

O primeiro é o da eletrificação, na qual o Brasil já chegou aonde o mundo quer chegar e é uma vantagem do país. O maior sistema interligado do mundo. O Brasil deve atrair investimentos em data centers e em outros investimentos que são grandes consumidores de energia.

Outro vetor é o da captura de carbono — uma preocupação das grandes petroleiras, que querem manter o valor de suas reservas. Não é o caso do Brasil. É muito mais no transporte.

O outro é o Hidrogênio. Nesse ponto, o mundo vai caminhar nessa direção. O HV consegue substituir o gás e o petróleo onde não foi possível fazer a eletrificação. “O  Brasil pode ser a Arábia Saudita do Hidrogênio Verde, disse o professor”, diz Castro em relação a grande produtividade que o país pode alcançar nesse setor. “O Brasil tem um potencial imenso e deve priorizar o mercado interno, não esperar pelo mercado externo”.

Energia verde cai bem com agronegócio

Deputado Arnaldo Jardim, relator do projeto dos Combustíveis, sancionado pelo presidente Lula, destacou a importância da ABDIB como formuladora de políticas públicas e destacou os avanços do País como produtor de combustíveis verdes ao longo dos últimos anos. Destacou a superação de discussões que, no passado, diziam que o uso do potencial agrícola do país para produzir matérias primas para combustíveis renováveis poderia reduzir a produção de alimentos e prejudicar a segurança alimentar. “O Brasil está provando que a sinergia entre o agronegócio e a energia verde é perfeitamente possível”.

Outro ponto destacado pelo deputado é que, a despeito de algumas posições contrárias por parte de alguns países europeus, o mundo está, aos poucos, assumindo sobre os biocombustíveis posições coincidentes com a brasileira—e que o fato de o programa Nova Indústria Brasil ter priorizado setores que produzirão ou serão alimentados pelos biocombustíveis garante ao país vantagens que podem resultar na sustentabilidade econômica da transição energética. “O Brasil tem tudo para se tornar o grande protagonista da economia de baixo carbono no mundo.”

Hidrogênio verde avança

Luís Cláudio Viga da Silveira, presidente do Conselho da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde — ABIHV— abriu sua apresentação mencionando a aprovação pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, do projeto para a implantação de uma planta de produção de Hidrogênio Verde em larga escala, da empresa de energia Fortescue, na ZPE Ceará. 

De acordo com Viga, o grande desafio à frente da indústria de combustível verde hoje em dia é tornar seus custos de produção competitivos em relação às empresas que se alimentam com combustíveis fósseis. Ele destacou que, em valores atuais, o preço do aço verde é proibitivo em relação ao mesmo produto gerado a partir de energia cinza. “Eles estão acima das possibilidades de qualquer cliente do mundo”.

Na opinião do presidente da ABIHV, o “comprador externo ajudará o Brasil a financiar os projetos de desenvolvimento do Hidrogênio Verde e a aumentar a nossa escala de produção”. E que, mesmo o Brasil investindo no setor um valor irrisório em relação aos Estados Unidos e a países da Europa, as condições de produção são vantajosas e promissoras. Um estudo feito pela empresa de consultoria LCA demonstrou que, caso o Brasil conquiste 4% de market share na cadeia global do Hidrogênio Verde, isso significará uma injeção de cerca de US$ 7 trilhões de reais na economia nacional. 

Hora do biometano

Talyta Viana, Coordenadora Técnica e Regulatória da Associação Brasileira do Biogás — ABiogás, destacou a necessidade do avanço dos projetos de produção de biometano para que se cumpram as metas de descarbonização. Ela destacou a diferença entre o biogás, que é o resultado da decomposição de resíduos orgânicos e pode ser usado para a geração de energia elétrica, e o Biometano, o biogás purificado. Esse tem características equivalentes às do gás natural e suas possibilidades de uso são muito mais amplas e avançadas. 

De acordo com Talyta Viana, os 8 milhões de metros cúbicos de biometano produzidos diariamente no país representam atualmente 1% do consumo Brasileiro de gás natural.  A janela de oportunidade e a possibilidade. A janela de oportunidade a partir da Lei do Combustível do Futuro é muito maior. Apenas os rejeitos do setor agrícola e dos frigoríficos podem oferecer outros 120 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural ao mercado brasileiro. 

O biometano pode ser utilizado para abastecimento de frota de veículos pesados. Pode gerar hidrogênio e, também, a produção de combustíveis avançados de aviação. O uso do biometano na substituição do diesel e do próprio gás natural é promissor. Mas é preciso cuidar da infraestrutura. “Tanto no transporte quanto na indústria, dependemos de gasodutos ou de caminhões para o transporte. É preciso avançar com a infraestrutura para uso do biometano”.

Descarbonizar a indústria

Rosana Santos, Diretora Executiva da E+ Transição Energética afirmou que a perspectiva da transição energética e da transformação industrial e discutir não a indústria da transição energética, mas a transição da industrial. “A indústria precisa se descarbonizar”, afirmou.  O Brasil, segundo ela, dispõe de condições favoráveis nesse processo, mas precisa atentar a aspectos estruturantes para tirar proveito de suas vantagens. 

Quando se trata de transição energética, o Brasil fala da descarbonização do processo de geração ou do hidrogênio. Há muita coisa entre essas duas possibilidades, que precisam ser levadas em conta. Não é viável, por exemplo, pensar em descarbonizar a siderurgia do Sudeste com hidrogênio verde produzido no Nordeste. “Para essa finalidade, o gás natural é um descarbonizante muito mais eficiente”.

Além disso, o Brasil precisa aproveitar seus recursos minerais como parte do processo de transição energética. O minério de ferro extraído no Pará, por exemplo, tem 60% de pureza e um custo baixíssimo de processamento. O país, entretanto, opta por processar o minério menos puro e exportar o minério que permitiria a produção de um aço verde a um custo menor. 

Outro aspecto a ser observado, segundo ela, diz respeito à matriz energética nacional que é, sim, potencialmente limpa. “Não podemos nos deitar em berço esplêndido com nosso setor elétrico”, afirmou. Segundo ela, o Brasil sempre recorre à geração térmica movida a combustível fóssil nos períodos em que a seca dificulta o acesso aos recursos hídricos. Nessas condições, nossa energia não atende as especificações para produtos verdes

como produzir hidrogênio

Luís Meca, Gerente Geral da Hitachi Energy destacou que há várias fontes de geração e classificação do hidrogênio, que podem ser preto, gerado a partir de combustíveis fósseis, cinza, pelo gás natural, verde, gerado por energia eólica, solar ou hidrelétrica e até o rosa, produzido a partir de fontes nucleares.

O hidrogênio verde é obtido a partir da eletrólise da água. Durante o processo, a tensão elétrica separa os átomos do hidrogênio e do oxigênio.  O grande problema é que o hidrogênio é difícil de se manusear, armazenar e transportar. Uma das possibilidades de armazenagem e transporte é oferecida pela amônia, que é o resultado da mistura do hidrogênio com o nitrogênio. Essa deverá ser a opção da grande maioria dos hubs implantados de produção de hidrogênio no Brasil. 

A amônia é utilizada em muitos ramos da indústria. Ela pode ser craqueada e devolver o hidrogênio à forma natural em que ele foi gerado. Também existe o estudo no sentido de se transformar o hidrogênio em metanol sintético a partir da mistura com o CO2. Também há estudos no sentido de se utilizar a própria amônia como combustível. 

Há ao redor do mundo vários estudos de métodos para obtenção do hidrogênio em países como Austrália, Israel, China, Suécia, Dinamarca e no Brasil, onde se estuda a obtenção do hidrogênio a partir do etanol. No Brasil, os projetos em curso somam US$ 70 bilhões, com 60 projetos capazes de gerar 40 megawatts de energia.

Desafios para atender demanda

Armando Juliani, Diretor Executivo TI EAD e Energy Assets da Siemens Energy, descreveu os projetos desenvolvidos pela empresa no sentido de deixar de ser uma empresa fabricante de produtos e passar a ser uma geradora de soluções para as empresas que demandam energia.  A empresa já tem em operação uma planta de geração que opera com 60% de hidrogênio.

Juliani destacou que o momento é de demanda excessiva e que as empresas que produzem equipamentos para a indústria do hidrogênio verde não têm capacidade de atender às encomendas geradas pelos projetos em curso. “A indústria não tem capacidade de entregar todos os hidrolisadores necessários para atender os projetos em andamento”. Isso porque o hidrogênio é o principal sistema central do processo, em diversos setores industriais, da transição para uma operação neutra de carbono, em diversos setores industriais. 

De acordo com ele, a empresa tem o CertaLink Energy Certification Manager, um sistema de certificação que permite identificar e classificar o hidrogênio a partir do processo de produção. E dizer se ele é cinza, verde, azul ou qualquer outra classificação conforme a tecnologia de geração. 

 

 

Fonte: ABDIB - Agência Infra
 

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