Índices referidos pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) mostram que entre os anos de 2010 e 2019, o Brasil registrou 112.230 mortes por suicídio, um aumento de 43% no número anual, de 9.454 em 2010, para 13.523 em 2019.
Ajudar na prevenção ao suicídio e à automutilação é o trabalho das autoridades de saúde brasileiras. Mas o problemam é mundial e começou a se agravar com o advento das infecções por coronavírus, onde o diálogo interfamiliar ficou precário.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes registradas. Também segundo a OMS, as taxas mundiais de suicídio estão diminuindo, mas na região das Américas os números vêm crescendo. Entre 2000 e 2019, a taxa global diminuiu 36%. No mesmo período, nas Américas, as taxas aumentaram 17%. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio aparece como a quarta causa de morte mais recorrente, atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
Angela Gandra, do Ministério da Saúde, reforça que o envolvimento familiar pode ser decisivo na prevenção ao suicídio. “Quando são observados os primeiros sinais dos pensamentos suicidas, a primeira alternativa é a conversa. A aproximação pacífica e sem cobranças é necessária para que a confiança seja estabelecida. O acolhimento familiar e a empatia são atitudes determinantes nessas circunstâncias.”
Capacitação
Com o objetivo de sensibilizar a sociedade à abertura saudável de diálogo, o MMFDH disponibiliza o curso EaD - “Acolha a Vida: A Promoção da Saúde pela Família: Desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas”, cujo objetivo é realizar ações de conscientização e de disseminação de informações sobre saúde mental às famílias, por meio do fortalecimento de vínculos familiares, do desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, a fim de prevenir o sofrimento emocional e a violência autoprovocada.
Outra iniciativa é a elaboração de cartilhas, uma parceria entre o MMFDH e a Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, cujos temas visam auxiliar na prevenção ao suicídio e a automutilação:
Família como primeiro espaço de saúde mental
Manejo do comportamento suicida e de automutilação na família
Afeto e empatia
Doutor em psicologia, Antônio Eustáquio Ferreira explica que existem sinais claros que diferenciam uma pessoa com sintomas depressivos e suicidas de uma pessoa que está apresentando somente tristeza.
“Geralmente, os pensamentos suicidas nascem em uma pessoa após um trauma com profunda significação interpretada por ela. Ela sinaliza, pela narrativa e pelos comportamentos, que sua existência é base do problema”, pontua. “Surge uma carga de culpa, que é o arrependimento por algo que a pessoa fez e não consegue perdoar-se, ou por vergonha, que é algo que ela gostaria de ter feito, mas não conseguiu, e por isso se pune.”
O psicólogo lembra da história de uma paciente adulta, sem histórico psiquiátrico prévio, que apresentava sintomas depressivos há meses. “Ela vinha apresentando ideação suicida, com planejamento. Mas ela não levou esse pensamento adiante, por ter recebido o acolhimento adequado.”
Eustáquio está seguro que o apoio dos familiares e dos amigos é um fator determinante na vida de alguém com pensamento suicida. “Os familiares e as pessoas próximas podem ajudar, se interessando pelos desafios que a pessoa enfrenta, sendo um suporte principalmente para as horas mais difíceis; acolhendo, demonstrando afeto e empatia, na medida do possível em todos os momentos da vida. Sobretudo, se interessando realmente pelos sentimentos e pensamentos, pelas emoções e percepções de mundo dessa pessoa. Normalmente, esse apoio consegue dissuadir a pessoa de executar o planejamento suicida.” Isto é o que ensina o doutor Eustáquio Ferreira.
Fonte: Ministério da Família e da Saúde
Não há Comentários para esta notícia
Aviso: Todo e qualquer comentário publicado na Internet através do Noticiario, não reflete a opinião deste Portal.