Dados da OMS (Organização Mundial da saúde) apontam que a falta de óculos é uma importante causa de queda no aprendizado. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a informação foi comprovada por uma pesquisa realizada em Campinas com pais e professores de 36 mil alunos da rede municipal de ensino. É o que poermitiu o programa social desenvolvido pelo Hospital, em parceria com indústrias do setor óptico que incluiu triagem visual, consulta oftalmológica, óculos gratuitos e tratamento de outras alterações na visão.
A pesquisa mostra que após um ano usando óculos, os professores observaram melhora no rendimento escolar de 50% dos estudantes, a concentração de 57% aumentou e 38,2% ficaram menos agitados.
Para os pais, 88% das crianças passaram a ter mais concentração e interesse pelo estudo, todos que sentiam dor de cabeça pararam de se queixar e 91% começaram realizar tarefas que antes não conseguiam.
Erros de refração
Queiroz Neto destaca que entre crianças em idade escolar os problemas de visão mais frequentes são os erros de refração – miopia, hipermetropia e astigmatismo que podem ser corrigidos com óculos de grau. O problema é que na ação social realizada, o hospital constatou que 7 em cada 10 nunca tinham passado pelo oftalmologista.
O médico explica que a miopia, dificuldade de enxergar à distância, o formato esférico da córnea se torna curvo, o olho cresce mais que o normal e as imagens se formam antes da retina, tornando a visão à distância embaçada.
Na hipermetropia, dificuldade de enxergar próximo, a córnea é mais plana, as imagens se formam atrás da retina e a visão de perto perde a nitidez. “Já no astigmatismo, a córnea tem um formato irregular que forma mais de um foco sobre a retina tornando as imagens próximas e distantes desfocadas” explica.
Teste do olhinho
A OMS alerta que a dificuldade de enxergar nos primeiros anos de vida causa atraso no desenvolvimento motor, de linguagem, emocional, social e cognitivo. Por isso, Queiroz Neto alerta aos pais que se certifiquem na maternidade se o bebê passou pelo teste do olhinho logo após o nascimento e repitam o exame quando a mãe receber alta.
Isso porque, a última PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) divulgada pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) revela que no Brasil 40% dos bebês não passam pelo exame. O especialista explica que o teste do olhinho diagnostica doenças congênitas – catarata, glaucoma, retinopatia da prematuridade e retinoblastoma (tumor na retina) que são as principais causas de deficiência visual grave e perda permanente da visão entre crianças.
“A primeira consulta com um oftalmologista deve acontecer aos 3 anos quando um dos pais usa óculos e aos 4 anos quando nenhum dos dois usa.”
Miopia cresce
Levantamento realizado entre abril e junho deste ano com 297 especialistas pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual Queiroz Neto faz parte, mostra que para 70% a pandemia aumentou a miopia em crianças de 0 a 19 anos. As causas apontadas foram o maior uso do celular e computador, somado à baixa exposição ao sol.
Queiroz Neto explica que o sol, estimula a produção de dopamina, hormônio que controla o crescimento do olho. Por isso, a recomendação é praticar pelo menos duas horas/dia de atividade. Já o uso abusivo das telas faz os músculos do olho ficarem acomodados a enxergar só o que está próximo conforme ficou demostrado em um estudo realizado pelo médico.
Como identificar problemas de visão
Hoje a grade demanda da visão de perto está fazendo a miopia passar despercebidas. Os sinais de alguma alteração na refração são:
Queiroz Neto afirma que novas tecnologias em lente de contato e óculos estão chegando ao mercado para conter a progressão da miopia. Entende que a única forma de reduzir a deficiência visual por falta de óculos é através de ações socais em que a comunidade oftalmológica e o poder público compartilhem este objetivo.
Foi este compartilhamento de responsabilidade com a saúde ocular que permitiu ao Penido Burnier realizar uma pesquisa pioneira sobre a importância dos óculos na educação, e possibilitou a parceria com o poder público e a ONG internacional, OneSight, para melhorar visão de crianças e adultos. A expectativa é renovar este compromisso para o2022.
Fonte: Instituto Penido Burnier, SP - Eutrópia Turazzi
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