É o vírus da PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos) e TGE (Gastrenterite Transmissível), que apresentam enfermidades causadas por diferentes vírus da família Coronaviridae. “Ambos acometem apenas suínos, nos quais causam doenças altamente contagiosas que provocam diarreia, resultando em perdas por mortalidade de leitões e de desempenho”, explicou o pesquisador e virologista da EMBRAPA, Luizinho Caron. O PEDV chegou nos EUA em 2013 e, tem sido notícia, inclusive no Brasil, devido às perdas econômicas que causa naquele País.
Com o início da pandemia de influenza em humanos em março-abril de 2009 na América do Norte (México, Estados Unidos e Canadá) e dias depois em países da Europa e Oceania. O vírus H1N1/2009 pandêmico (H1N1pdm09) rapidamente disseminou-se em suínos no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Foi demonstrado que os genes do vírus novo eram uma combinação de vírus de influenza suína da América do Norte e de linhagens da Eurásia e que nunca haviam sido identificados em suínos ou em outra espécie anteriormente.
“O suíno é um hospedeiro importante, pois pode se infectar com subtipos virais de diferentes espécies que provocam a gripe humana, aviária e suína.” |
O H1N1pdm09 foi reconhecido como um vírus novo, emergente, zoonótico, possui fragmentos genômicos originários de vírus humanos, aviários e suínos, inclusive fragmentos do vírus de influenza da pandemia de 1918, da Gripe Espanhola que matou aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo, 35 mil no Brasil.
Até então, a doença não era um problema respiratório importante em suínos e as análises realizadas no País não apontavam a presença do H1N1pdm09 antes de 2009. No entanto, hoje é considerado como o principal agente etiológico associado ao complexo de doença respiratória suína.
Ela é caracterizada por um quadro clínico respiratório agudo, acometendo grande número de suínos de várias faixas etárias. Atualmente, a prevalência de influenza em rebanhos brasileiros é de 60%. Além disso, sequenciamento genômico indicou que fragmentos do genoma do H1N1pdm09 estão presentes em todos isolados de vírus da influenza em suínos analisados pelas nossas pesquisas.
A suspeita é que a doença foi introduzida em criações brasileiras por transmissão de humanos gripados para os suínos, pois nos rebanhos que primeiro reportaram a doença, não existiu entrada de outros animais ou outro risco sanitário significativo que levasse a introdução do novo vírus.
“A saúde humana e animal estão relacionadas. Os trabalhadores da suinocultura devem se vacinar anualmente contra a gripe.” |
Por isso, os cientistas alertam para a importância de se adotar medidas de biosseguridade nas granjas. “É fundamental para evitar os riscos de introdução e da disseminação dentro dos rebanhos”, afirma Zanella.
“O suíno é um hospedeiro importante na dinâmica e na epidemiologia da infecção, pois pode se infectar com vários subtipos virais, originários de diferentes espécies, como as da gripe humana, aviária e suína.
A transmissão de doenças virais entre espécies, como as que passam de humanos para suínos, e vice-versa, favorece alterações na sequência do genoma do microrganismo, a chamada mutação. É daí que surgem novos vírus entre os quais alguns serão mais patogênicos e para os quais não haverá imunidade.
“Devemos ter em mente que a saúde humana e a saúde animal estão relacionadas e que a vacinação anual contra a gripe de trabalhadores da suinocultura (produtores, veterinários, transportadores de suínos, etc) deve ocorrer para evitar introdução de vírus humanos em suínos. Assim, além do reforço na biosseguridade (limpeza, desinfecção e demais medidas citadas acima), essas são medidas importantes para evitar que novos vírus surjam, alguns mais patogênicos, para os quais os animais ou os humanos não têm imunidade”, alerta a pesquisadora da Embrapa.
Na avicultura, além do H5N1, outro vírus representa risco à produção. É o da Bronquite Infecciosa, outro membro da família CoV e que acomete apenas galinhas. Ele é causador de doença altamente contagiosa e impõe fortes perdas econômicas à avicultura. Nas primeiras semanas de vida das aves, é possível observar coriza, ouvir espirros e as lesões no sistema respiratório afetam o consumo de ração e, por consequência, o desempenho do lote.
Na suinocultura brasileira e norte-americana, emergiu recentemente um agente causador de uma doença vesicular, o Senecavírus. Apesar de não ser uma zoonose, a infecção pelo por esse microrganismo causa lesões vesiculares semelhantes à febre aftosa, doença de controle oficial e de notificação. Por causa disso, o diagnóstico diferencial para aftosa deve ser realizado em laboratório oficial, o que onera a cadeia.
Diferentemente do Senecavírus, a PED não teve grande impacto dentro das fronteiras brasileiras, ao contrário do que ocorreu em países vizinhos como Peru e Colômbia, na época. E isso se deve ao nível de biosseguridade das propriedades, que manteve o plantel de suínos protegido, colocando em prática medidas para garantir a saúde dos animais. "Como não há vacina disponível para a doença, a proteção do rebanho precisa estar focada em ações de biossegurança e prevenção. Higiene, limpeza das instalações e controle na circulação de pessoas e veículos são ações básicas para minimizar o risco da doença", enfatiza a pesquisadora Janice Zanella.
Essa prática, de acordo com a pesquisadora, deve ser constante, não somente em momentos de surto. "Boa biossegurança deve ser realizada o tempo todo para garantir a proteção da suinocultura, da economia, da indústria e da sociedade brasileira". Além disso, cada granja deve estabelecer seus próprios procedimentos, identificando os principais pontos de risco, nos quais o cuidado deve ser ainda maior.
“Biosseguridade deve ser prática permanente, e não somente em períodos de surto.” |
Manter-se livre das doenças na produção também poderá significar uma ótima oportunidade de negócio para o Brasil. O País é um grande produtor e exportador agrícola e um importante fornecedor mundial de carnes de qualidde, de acordo com Zanella. Mesmo com seu volume elevado, a produção brasileira é livre de importantes problemas sanitários que acometem outros grandes produtores de carne suína e de frango, como a Peste Suína Africana (PSA), a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), a influenza aviária ou gripe aviária.
Para os pesquisadores, a biosseguridade é o pilar mais importante da cadeia produtiva. “Medidas de biosseguridade em granjas têm como foco mitigar os riscos de contaminação de rebanhos e a disseminação de doenças. A sobrevivência de agentes causadores e transmissores de doenças depende muito de condições ambientais”, detalha a pesquisadora.
Fonte: EMBRAPA - Monalisa Leal Pereira
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