Corrupção e cumplicidade não conhecem fronteiras geográficas. De acordo com representantes das Nações Unidas, os frágeis são aqueles que mais sofrem com as consequências da prática. Dirigentes da ONU realizaram um apelo para que governantes lutem contra o problema “do topo para baixo”.
“Tudo começa com um exemplo. Ao combater a corrupção, governantes podem demostrar que possuem uma atitude séria”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um evento de alto nível que marcou o décimo quinto aniversário da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
“A sociedade não pode funcionar de maneira igualitária e eficiente quando oficiais públicos – desde médicos até policiais, passando por juízes e políticos – enriquecem em vez de realizarem deveres com integridade”, declarou Guterres.
Adotada em 2003, a Convenção contra a Corrupção é o único instrumento universal juridicamente vinculante com o objetivo de combater a corrupção em suas diversas formas.
Secretário-geral também reforçou que, além do roubo de recursos essenciais de serviços públicos, como escolas e hospitais, a corrupção é igualmente responsável por incrementar o tráfico de pessoas. A prática também representa um risco, à medida que corrobora com o mercado ilegal de recursos naturais, armas, drogas e artefatos culturais.
“[A corrupção] alimenta o conflito, e quando a paz é alcançada, põe em risco a recuperação de um país. A corrupção e impunidade são corrosivas, gerando frustração e mais corrupção, quando indivíduos não conseguem ver outra maneira de atingir seus objetivos”, disse o chefe da ONU, pedindo por maior apoio político e popular na luta contra a corrupção.
Guterres descreveu a Convenção contra a Corrupção como uma das ferramentas mais eficientes que o mundo possui para atingir metas comuns de boa governança, estabilidade e prosperidade.
“A ONU continuará a apoiar Estados-membros em todas as etapas, desde o empoderamento de cidadãos nessa luta, até o auxílio no fortalecimento de instituições capazes de honrar promessas.”
Miroslav Lajčák, presidente da Assembleia Geral, também reiterou que a corrupção afeta toda a sociedade e que a prática “destrói tudo em seu caminho”.
Em última instância, a corrupção causa sofrimento para todos na vida cotidiana, destacou Lajčák: “Quando pessoas são paradas em postos de controle para suborno. Quando um ônibus não chega, ou uma clínica não abre devido à má-gestão de recursos. Ou quando uma pessoa perde todas as suas economias por conta de extorsão”.
Também reforçou a ligação entre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e recursos de boa governança.
“Se quisermos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), devemos tomar medidas concretas. Isso significa boa gestão de recursos. Significa angariar fundos. Significa criar políticas e legislações”, declarou o presidente do maior órgão das Nações Unidas, destacando que é necessário buscar medidas inovadoras para o trabalho em equipe.
Yury Fedotov, diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), também destacou a importância da Convenção para o desenvolvimento sustentável.
Observando que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 pede explicitamente a ação contra a corrupção, destacou que combater o problema é um pré-requisito para o crescimento econômico.
“Respostas anticorrupção também são cruciais para garantir o acesso a auxílio médico, água, educação e outros serviços essenciais, como a proteção de florestas, oceanos e vida selvagem, além da redução das desigualdades”, completou Fedotov.
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