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Cegueira Ameaça Pessoas Com Mais de 50 Anos. Saiba Como Prevenir.
12-05-2010 10:53:48 (3016 acessos)
Sete em cada 10 brasileiros com idade entre 53 e 78 anos, apresentam fatores de risco que podem levar à cegueira. Perto de 50% não gosta de óculos.
No Brasil, pessoas com 60 anos ou mais respondem por até 90% do rendimento mensal de mais da metade das famílias, segundo o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A catarata, doença que torna o cristalino opaco em decorrência do envelhecimento compromete a produtividade de mais da metade dos trabalhadores com idade entre 53 e 78 anos, mas só 2 em cada 10 brasileiros nesta faixa etária já passaram pela cirurgia que é a única forma de eliminar o problema e evitar a perda total da visão.
O mais alarmante é que 70% apresentam um ou mais fatores de risco para a saúde ocular: histórico familiar, medicação contínua e hipertensão. Apesar do alto índice de vícios de refração, quase metade gostaria de se livrar dos óculos.
Estas são constatações de um estudo inédito feito com 223 pacientes nos últimos 18 meses pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com o objetivo de apontar orientações que reduzam a cegueira no País. O médico afirma que o maior desafio da saúde ocular na terceira idade é a falta de prevenção primária. Isso porque, só 36% fazem exame de vista anualmente e os fatores de risco a que estão expostos podem causar complicações oculares que sem assistência médica provocam a perda da visão, alerta.
Histórico Familiar
Queiroz Neto conta que das doenças familiares mais freqüentes mencionadas pelos participantes do estudo o diabetes e o glaucoma foram citados por 16% e 7% respectivamente. Os índices são maiores que a prevalência geral na população que é de 12% e 2% porque a incidência cresce quanto maior a idade, explica. Quem tem diabéticos ou portadores de glaucoma na família, observa, deve fazer exame de vista anualmente a partir dos 40 anos, além do controle de glicemia no caso de diabetes. Isso porque, comenta, a herança genética predispõe a estas doenças e metade dos brasileiros que são acometidos tanto pelo diabetes como pelo glaucoma, desconhece o fato. A estimativa é de que o aumento do açúcar no sangue e a redução da insulina fazem com que entre 30 e 45% dos diabéticos tenham algum grau de retinopatia diabética – crescimento de vasos na retina e hemorragia – que é tratada com laser. Já o glaucoma não apresenta sintomas e a redução do campo visual só é percebida quando mais de 40% dos prolongamentos do nervo óptico já foram perdidos. Altos míopes, diabéticos e quem já sofreu traumas oculares também fazem parte do grupo de risco. A única forma de evitar a perda irreversível da visão é o uso ininterrupto de colírios antiglaucomatosos.
Medicação Contínua
O tratamento para artrite e artrose foi apontado por 18% dos pacientes e o uso de corticóide para processos alérgicos e outras doenças por 12%. Queiroz Neto ressalta que o uso contínuo de difosfato de cloroquina para artrite ou artrose pode criar depósitos nos olhos e levar à retinopatia. Por isso, a recomendação do médico é passar por exame de vista sempre que sentir alteração na acuidade visual. O tratamento, explica, é feito com aplicações de laser que eliminam os depósitos e o risco de degeneração retiniana.
Já o uso prolongado de corticóide, alerta, pode causar catarata e glaucoma. Por isso, ele diz que é necessário fazer exames de vista a cada 6 meses, já que em estágio inicial tanto o glaucoma como a catarata são assintomáticos.
Hipertensão Arterial
O fator de risco para a saúde ocular de maior incidência foi hipertensão arterial (pressão alta), citada por 32% dos participantes do estudo. A doença pode causar sérias complicações na retina, inclusive nos casos de aumento súbito da pressão arterial em que pode ocorrer hemorragia dentro do olho e descolamento da retina, comenta o médico. Ele lembra que o brasileiro não controla muito a pressão arterial, e muitos têm o habito de se alimentar-se com o saleiro à mesa, atrapalhando o controle. Quem convive por anos com a hipertensão pode apresentar estreitamento dos vasos retinianos causado pelo comprometimento da circulação ocular. A oclusão vascular causada pela má circulação também pode provocar o aparecimento de neovasos na retina e edema do nervo óptico conhecido como papiledema. São pacientes que necessitam fazer periodicamente diversos exames para a realização de fotocoagulação a laser nos casos de surgimento de neovasos que são bastante prejudiciais à integridade da retina, explica Queiroz Neto. As principais dicas para controlar a pressão arterial são:
· Evitar excesso de sal e bebidas alcoólicas.
· Controlar o peso e praticar atividades físicas.
· Evitar alimentos gordurosos.
· Aumentar o consumo de potássio encontrado, por exemplo, na banana.
Mais da Metade Tem Vício de Refração
O estudo mostrou que 64% dessa faixa etária têm vícios de refração. A miopia (dificuldade de enxergar de longe) atinge 39%. Outros 17% têm astigmatismo (falta de foco para perto e longe) e 8% hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto). Os vícios de refração associados afetam 23% e a presbiopia 96%. Significa que praticamente a totalidade das pessoas com mais de 50 anos depende de óculos no dia-a-dia, mas quase metade, 45%, acredita que a vida é melhor sem eles. Outros 22% estão decididos a abandonar as armações e 17% ainda pensam que a idade é um impedimento para se livrar das lentes oftálmicas. É um engano, comenta Queiroz Neto, porque as novas lentes intra-oculares, utilizadas na substituição do cristalino na cirurgia de catarata, eliminam também os vícios de refração e até imperfeições periféricas do sistema ocular. Por isso, se depender da oftalmologia o brasileiro não vai precisar aposentar tão cedo, brinca. A terceira idade pode ser o início de uma nova vida.
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