
Na primeira edição em Campinas, o projeto atendeu 1940 crianças com idade de 5 a 9 anos de 19 a 22 de maio. De um universo de 10 mil alunos de 44 escolas municipais participaram 1600 e outros 340 aderiram à iniciativa através de divulgação do hospital junto à população.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor médico do projeto, um total 1.200 crianças ou 61% dos participantes precisam usar óculos. O maior problema de visão é a miopia que atingiu 504 crianças equivalendo portanto, a 42% de incidência. A hipermetropia ou dificuldade de enxergar de perto foi diagnosticada em 456 crianças ou 38% dos que precisam usar óculos e o astigmatismo em 240 crianças ou 20% dos que têm alteração na refração
Altos vícios de refração é alarmante
Para Queiroz Neto o programa mostra que Campinas segue a mesma tendência de outras regiões do Brasil. A maioria das crianças nunca foi ao oftalmologista. Prova disso é o índice dos altos vícios de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo. A previsão da Agência Internacional de prevenção à cegueira ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde é de que o problema atinge 0,15% das crianças.
Tomando este índice como base e o fato de que 10 mil crianças passaram por triagem visual nas escolas para participar do OneSight a expectativa era de 15 casos de altos vícios refrativos. As consultas revelam, entretanto, um número bem maior - 45 crianças, ou seja 200% acima do esperado.
Queiroz Neto conta que uma criança chegou a ter 18 graus de hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto. "Já é considerada visão subnormal e a criança poderia ser confundida com deficiente mental sem correção visual", comenta emocionado o médico.
Deficiência alimentar atrapalha visão
O oftalmologista diz que 15 dos participantes não enxergam bem apesar de não precisarem usar óculos. São casos de dificuldade para enxerga que resultam de alguma deficiência alimentar. Isso porque, explica, o bom desenvolvimento dos tecidos oculares está diretamente relacionado à alimentação. Por exemplo, nos primeiros meses de vida, a retina, uma membrana que fica no fundo do olho e leva as imagens ao cérebro, sofre significativas mudanças e está mais suscetível a danos que podem comprometer a visão definitivamente.
O especialista diz que crianças privadas do leite materno correm maior risco de ter deficiência de várias substâncias importantes para a visão. Uma delas é o DHA, ácido graxo responsável pelo desenvolvimento cognitivo e função visual. Outra é a luteína, um carotenoide que se deposita na mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes.
Ressalta o Oftalmologista que a visão de crianças também pode sofrer danos decorrentes de anemia (falta de ferro), bastante comum na infância segundo o Ministério da Saúde. A deficiência das vitaminas A, E, B2, C também prejudica o bom desenvolvimento dos olhos.
Hospital vai investigar problemas visuais graves
Queiroz Neto afirma que nas consultas também foram diagnosticados 5 casos de retinocoroidite. Trata-se de uma inflamação que causa cicatrizes na retina e atinge também a coroide, camada do olho bastante pigmentada que fica entre a parte branca (esclera) e a retina.
Afirma o médico que doença é desencadeada por toxoplasmose, infecção que pode ser causada por verduras mal lavadas, carnes e ovos mal cozidos ou pelo contato de fezes de gatos. Precisa de acompanhamento médico porque geralmente tem recidivas e por isso pode provocar deficiência visual grave.
As consultas também diagnosticaram um caso de cegueira monocular, ou seja, em um dos olhos, e outro caso de cegueira nos dois olhos.
Queiroz Neto afirma que outras 10 crianças apresentaram estrabismo que precisa ser investigado para checar se esta relacionado à hipermetropia e a outras doenças oculares como, por exemplo, catarata, glaucoma ou tumor intraocular. Por isso, se não for tratado de forma correta pode causar sérios danos à visão.
O programa OneSight não prevê o acompanhamento médico das crianças. Entretanto, Queiroz Neto afirma que o hospital se compromete a investigar estas doenças graves e oferecer tratamentos cirúrgicos através de seu braço social, a Fundação Dr. João Penido Burnier, caso seja necessário. O compromisso do Penido é a saúde ocular que vai muito além da doação de óculos, conclui.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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