A pesquisa também mostra que apesar da maioria não usar lentes com proteção UV 95% das entrevistadas acreditam que a radiação provoca o envelhecimento da pele ao redor dos olhos.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, porta–voz da pesquisa, a falta de proteção solar pode causar alterações imediatas e em logo prazo nos olhos. O médico diz que uma alteração imediata decorrente da exposição ao sol sem proteção é a queimadura da pele periocular. Não por acaso, para 2012 a estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer) apontou a pele como a parte mais atingida pelo câncer no Brasil. “Esta previsão evidencia o uso inadequado do filtro solar pelo brasileiro”. E o que é pior - entre mulheres a situação é ainda mais grave.
Constatou o INCA que o número de casos de câncer de pele entre mulheres foi 14% maior do que nos homens, totalizando 71,5 mil casos contra 62,68 mil. “Apesar da metástase da pálpebra para os olhos ser incomum, nos casos de câncer não melanoma que é o tipo mais prevalente, a doença pode causar lesões palpebrais e desencadear cicatrizes na córnea que conduzem à queda visual”.
Para Queiroz Neto a melhor forma de proteger os olhos e a pele da região é usar óculos que tenham lentes com filtro UV. Isso porque, um estudo do especialista mostra que o contato dos filtros cosméticos com a mucosa ocular provoca a conjuntivite tóxica e a alérgica. “Os óculos com filtro eliminam este risco e o uso incorreto do protetor solar”.
Risco da falta de sintoma
Outra alteração imediata é a fotoceratite, inflamação da córnea por queimadura de primeiro grau. Em geral ocorre após 6 horas ininterruptas de exposição dos olhos ao sol sem proteção.
O médico alerta que embora os sintomas – olhos vermelhos e ressecados – desapareçam depois de 48 horas longe do sol, não significa que o problema tenha sido resolvido. Isso porque, a fotoceratite provoca o desprendimento de células do epitélio, camada externa da córnea que vai perdendo a transparência.
Para a população parece um mal menor, mas é uma importante questão da saúde pública, afirma. Tanto que uma pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que 5% dos casos de cegueira são decorrentes de opacidades na córnea que podem estar associadas a repetidos quadros de fotoceratite.
Efeitos cumulativos da radiação
Queiroz Neto diz que de acordo com estudos internacionais a falta de proteção UV aumenta em até 60% a chance de contrair catarata. A doença torna o cristalino opaco e responde por 47% dos casos de perda da visão no Brasil. O médico diz que a taxa anual de crescimento da catarata no País é de 20% por conta do envelhecimento da população e do estilo de vida, incluindo exposição ao sol sem proteção e ao estresse que aumenta a produção de radicais livres.
Estes três fatores somados às flutuações dos hormônios sexuais femininos fazem com que a incidência da catarata entre mulheres seja 30% maior.
O especialista diz que outro efeito acumulativo da radiação UV e da luz azul sobre os olhos é a degeneração macular, parte central da retina responsável pela visão de detalhes. Trata-se da maior causa de cegueira irreversível no mundo. Resulta do acúmulo de lipofuscina abaixo da mácula que leva à oxidação das células.
A falta de proteção também pode desencadear o pterígio. A doença é uma forma de defesa da conjuntiva contra o ressecamento provocado pela radiação UV. É caracterizada pelo espessamento da membrana que cobre a parte branca do globo ocular e a superfície interna das pálpebras. Quando pequeno, o pterígio é tratado com pomadas antiinflamatórias, mas se cresce e atrapalha a visão pode ser feita uma intervenção cirúrgica.
Como escolher os óculos de sol
Queiroz Neto diz que lentes escuras sem proteção são piores do que a falta de óculos de sol. Isso porque, dilatam a pupila e permitem que uma maior quantidade de radiação penetre nos olhos. Por isso recomenda que os óculos tenham lentes que filtrem 100 da radiação UV.
Para garantir este filtro é necessário verificar se têm o certificado ABNT NBR ISO 15111. Bons óculos escuros, explica, ajustam a quantidade de luz que chega aos olhos sem alterar a visibilidade. A escolha da cor, ressalta, depende da atividade de cada pessoa.
As cores mais adequadas são:
Atividade |
Cor da lente |
Efeito |
· Dia a dia |
Âmbar, marrom e cinza |
Reduz reflexos, boa visão de contraste de profundidade |
· Direção em dias nublados |
Cinza |
Melhora visão de contraste |
· Esportes aquáticos |
Rosa e púrpura |
Melhoram o contraste em fundos verdes e azuis |
· Direção no lusco-fusco |
Amarela |
Reduz o ofuscamento |
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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