Nem sempre o retinoblastoma ou câncer no olho é detectado no primeiro "teste do olhinho". Entenda.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiros Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, um relatório de pesquisadores do INCA (Instituto Nacional do Câncer) publicado na revista científica International Journal of Cancer mostra que a incidência de retinoblastoma no Brasil é o dobro da registrada nos Estados Unidos e Europa.
algumas cidades brasileiras registram entre 21,5 e 27 casos da doença por milhão, nos EUA e Europa a prevalência varia entre 10 e 12 casos por milhão. Para Queiroz Neto isso acontece porque uma grande parcela das crianças no Brasil, não tem acompanhamento oftalmológico nos primeiros anos de vida.
Diagnóstico e acompanhamento
Queiroz Neto explica que o retinoblastoma é uma doença congênita.
Pode ser diagnosticado logo que o bebê nasce pelo
"teste do olhinho", há alguns anos obrigatório em todo País.
O exame é feito com oftalmoscópio, equipamento que emite uma
fonte de luz no olho do bebê. Quando a pupila responde com um reflexo
vermelho contínuo indica saúde. Se o reflexo for descontínuo ou
esbranquiçado sinaliza presença de retinoblastoma, catarata ou
glaucoma congênito.
Nas três condições, quanto antes forem detectadas e
tratadas, melhor é o prognóstico.
Oftalmologista ressalta que as condições da saúde ocular infantil no Brasil já foram muito piores do que hoje, quando em apenas 10 estados brasileiros o "teste do olhinho" era obrigatório nas maternidades.
Problema é que embora a obrigatoriedade do exame hoje seja nacional, a situação continua grave. Isso porque, a maioria dos pais só leva a criança ao oftalmologista, quando atinge a idade escolar. Esse comportamento é perigoso porque o retinoblastoma, catarata e o glaucoma congênitos, podem ficar adormecidos no olho e se desenvolver nos primeiros anos de vida.
Por isso, a recomendação do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte, é de que o "teste do olhinho" seja repetido três vezes ao ano até a idade de três anos. Neste período, deve passar pelo primeiro exame oftalmológico completo quando atinge 1 ano de idade ou antes, quando surge alguma alteração no "teste do olhinho".
Sinais e sintomas
Queiroz Neto afirma que o principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, também conhecida como olho de gato, um reflexo branco na pupila. A alteração é percebida sob luz artificial e em fotos tiradas com flash. Nas duas situações os olhos saudáveis emitem um reflexo vermelho como acontece no teste do olhinho. Outros sintomas do retinoblastoma são: estrabismo (olho torto), glaucoma, vermelhidão e baixa visão.
Na maioria das crianças o retinoblastoma é monocular. A dificuldade de enxergar com o olho afetado pode induzir ao estrabismo ou olho torto. Outros sintomas são a perda de campo visual decorrente do glaucoma, conjuntivite recorrente e fotofobia.
Causas do câncer no olho
Poucas são as crianças que tem casos na família: apenas 1 em cada 10. Portanto, a falta de casos na família não indica ausência de risco.
Oftalmologista de Campinas explica que a origem mais frequente do retinoblastoma é a mutação no gene RB1 que tem a função de suprimir o surgimento de tumores. A mutação neste gene libera a divisão celular desenfreada que desencadeia o câncer no olho. "Mas há também casos de mutação em células da retina que predispõe à doença ainda que não haja casos na família.
Metade dos bebês que têm tumor
no olho ficam cegos no Brasil
Queiroz Neto alerta que poucas crianças seguem o protocolo preconizado pelo CBO. "Já operei um menino com catarata congênita, doença responsável por 40% da perda de visão na primeira infância. O menino tinha passado pelo "teste do olhinho" na maternidade, mas ficou anos sem um único exame nos olhos. Isso é mais frequente do se possa imaginar.
Pode acontecer também com o retinoblastoma.
maioria dos diagnósticos de câncer no olho ocorre até 18 meses e metade das crianças acometidas ficam cegas porque não tem acompanhamento oftalmológico.
Repetir o "teste do olhinho" 3 vezes ao ano até a idade de 3 anos, e submeter a criança com 1 ano a uma consulta oftalmológica completa faz a chance de cura, chegar a 90% e preserva a vida de maioria das crianças." O diagnóstico tardio pode cegar e até levar à morte por uma metástase do câncer no cérebro.
Por tudo o que a inteligência médica diz, se você tem uma criança com menos de 5 anos em casa deve marcar a consulta dela com frequência
Tratamentos modernos
O oftalmologista afirma que o tratamento geralmente requer uma equipe multidisciplinar e pode ser feito por diferentes técnicas. Uma delas é a terapia focal via destruição térmica, congelamento, laser e ou braquiterapia.
Outra terapia é com quimioterapia sistêmica, intravítrea ou intra-arterial e nos casos muito avançados por enucleação, cirurgia que retira o globo ocular para preservar a vida do bebê.
Hoje, uma das técnicas mais utilizada é a quimioterapia intra-arterial. Consiste em injetar na artéria da retina o medicamento, diminuindo desta forma os efeitos colaterais sistêmicos que podem ter reflexos na saúde por toda vida. Em 70% dos casos salva a vida e a visão.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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