OMS estima que entre 2020 e 2040
a alta miopia no País fique 10,8%
acima da média mundial.
Neste mesmo período o número de brasileiros com alta miopia deve aumentar 84.8%, passando de 6,6 milhões para 12,2 milhões.
Miopia e sinais de descontrole
Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier de Campçinas (São Paulo) ensina que no míope a córnea, lente externa do olho, é mais curva. O olho é maior que o normal e isso faz as imagens se formarem na frente da retina, tornando desfocado tudo o que está distante.
Veja o que diz Leôncio, membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia): "Quem tem criança em casa diagnosticada com miopia, deve ficar alerta à evolução do grau. Isso porque, acima de 6 afina a retina e esclera (parte branca do olho), podendo causar descolamento de retina, glaucoma, catarata, degeneração macular e, levar em muitos casos, à perda irreparável da visão." Além disso, sem correção visual adequada, a miopia compromete o desenvolvimento cognitivo e aprendizado da criança.
Queiroz Neto ressalta que um dos sinais da miopia descontrolada em crianças com menos de 10 anos, é a variação anual de mais de 3 mm na biometria, exame que mede o comprimento axial, distância entre a córnea e a retina. Outro é o aumento de 2 mm/anual após os 10 anos.
Causas
O oftalmologista afirma que a miopia pode estar relacionada a variáveis genéticas quando um dos pais ou o casal é míope ou ao estilo de vida. "A primeira recomendação é intercalar o uso dos eletrônicos com atividades ao ar livre", afirma. Isso porque, o sol estimula a produção de dopamina, hormônio do bem-estar que também controla o crescimento do olho.
Por isso, durante o isolamento da pandemia diversas pesquisas demonstraram aumento da miopia infantil. Os olhos na infância estão em desenvolvimento e têm maior poder de acomodação.
Estudo realizado por Queiroz Neto com 360 crianças de 6 a 9 anos, aumentou em 21% a dificuldade de enxergar à distância, contra a prevalência de 12% apontada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) para esta idade. O especialista explica que se trata de uma miopia acomodativa causada por um espasmo nos músculos que alternam a focalização das imagens nas várias distâncias. É por isso que a OMS não recomenda o uso de telas nos dois primeiros anos e não permanecer por mais de duas horas ininterruptas em atividades online. O exercício de olhar para as várias distâncias é essencial para o bom desenvolvimento da visão.
Tratamentos
A boa notícia é que hoje há vários tratamentos que controlam a miopia. Alguns, como o colírio de Atropina a 0,01, pode ser utilizado como terapia única ou em combinação com outros.
São estes:
Colírio de atropina a 0,01% que pode reduzir em até 50% a progressão da miopia. Queiroz Neto afirma que como todo medicamento este também tem efeitos colaterais - perda da visão de detalhes por causa da dilatação da pupila, fotofobia (aversão à luz) e ardência nos olhos. Por isso o ideal é instilar o medicamento antes de ir dormir.
Lente de contato com defocus na periferia – De descarte diário, tem baixo risco de contaminação e é indicada para crianças com até 12 anos. Os estudos mostram que diminui a progressão da miopia de 30% a 55%. Queiroz Neto conta que foi um dos primeiros a adaptar esta lente no Brasil em um paciente que estava com miopia de progressão bastante acelerada. Um ano após a adaptação a variação do grau foi de apenas 0,5.
Lente de contato noturna- É indicada para adultos que querem se livrar dos óculos e crianças com até 6 graus de miopia. Queiroz Neto explica que se trata de uma lente rígida gás-permeável. É usada durante o sono e faz a remodelagem da córnea que tem uma camada bastante elástica. Pode ser retirada ao acordar e não requer outro tipo de correção visual.
Lente de óculos – Reduz em 67% a progressão da miopia e deve ser usada por 12 horas/diárias. Para Queiroz Neto é o método menos invasivo de controlar a miopia. Funciona pelo mesmo princípio da lente de contato descartável, mas o controle da miopia é maior, eliminando grande parte das complicações futuras na visão das crianças.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutrópia Turazzi
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