Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia indicam que, nos últimos 5 anos, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) afastaram pelo menos 1,3 milhão de brasileiros do risco de cegueira por glaucoma. A doença é a maior causa evitável de cegueira no mundo. De acordo com a entidade, entre 2019 e 2022, tratamentos clínicos e cirúrgicos contra a doença beneficiaram, em média, 289 mil pacientes de todas as regiões brasileiras anualmente.
O Nordeste acumula o maior volume de procedimentos no período, com uma média anual de 143,3 mil pessoas atendidas com pelo menos uma das duas abordagens terapêuticas. Na sequência aparecem, com as seguintes médias: Sudeste, com 112,5 mil casos; Sul, com 19,9 mil; Norte, com 12,3 mil; e Centro-Oeste, com quase 2 mil pacientes atendidos.
De acordo com o levantamento, no topo do ranking de produtividade estão as seguintes médias por ano: Minas Gerais, com 70,5 mil pacientes beneficiados; Bahia (56,9 mil casos); São Paulo (36 mil); Pernambuco (32,8 mil); e Paraíba (18 mil).
Doença é a maior causa no mundo de perda irreparável da visão.
Combate à cegueira pelo Glaucoma traz boa nova para o brasileiro. De janeiro a março o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 93.235 consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma com exames de tonometria, fundoscopia e campimetria ante 88.775 no mesmo período de 2021.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas a recuperação ainda é tímida, mas todo acréscimo no acompanhamento médico do glaucoma é bem-vindo. Isso porque, a doença é a maior causa no mundo de perda irreparável da visão.
Um levantamento exclusivo da equipe do oftalmologista no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS que agrega todas as secretarias de saúde do País mostra que no período pré pandemia entre março de 2018 e dezembro de 2019 o SUS realizou 715,5 mil consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma. De março de 2020 a dezembro de 2021 foram 581 mil, uma redução de 23% ou 134,5 mil atendimentos diante do acelerado envelhecimento da população que aumenta o número de casos.
O oftalmologista explica que o glaucoma é decorrente de enfermidades que dificultam o escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Isso leva ao aumento da pressão intraocular, comprime o nervo óptico, causando a degeneração e morte de suas células.
Geralmente surge a partir dos 40 anos, mas pode surgir em bebês quando ocorre d má formação do ducto de escoamento do humor aquoso. No Brasil atinge 2,5 milhões de pessoas ou 3% dos que já passaram dos 40, podendo ter prevalência de 7,5% aos 80.
Queiroz Neto conta que metade chega à primeira consulta quando já perdeu a visão de um olho ou mais de 40% dos prolongamentos do nervo óptico que conduz as imagens captadas pelo olho ao cérebro. "O problema é que o custo do tratamento é três vezes maior quando já chegou a este estágio e a visão periférica perdida não é recuperada" comenta.
Grupos de risco
Quanto mais avançada a idade, maior o risco de desenvolver a doença. O oftalmologista ressalta que o glaucoma é também mais frequente em asiáticos por terem a câmara do olho estreita, afrodescendentes e pessoas com miopia superior a 6 dioptrias. "Na maioria das pessoas a causa é desconhecida, mas para quem tem casos na família o risco é seis vezes maior. "São causas bem conhecidas o diabetes e hipertensão arterial mal controlados. Podem causar o glaucoma neovascular que praticamente dobra a chance de cegar." Também devem prestar atenção quem faz tratamento contínuo com corticoide, antidepressivo e medicamentos para inibir o apetite que podem aumentar a pressão intraocular.
Tratamento
O tratamento é feito com colírios que controlam a pressão interna do olho, mas deve ser contínuo e o acompanhamento médico periódico é bastante importante. Para quem tem o glaucoma de ângulo fechado, Queiroz Neto afirma que a aplicação de laser tem melhor resultado. "Neste mesmo grupo, há casos em que a cirurgia de catarata libera do uso de colírio, embora não aconteça com todos. O especialista diz que o essencial é usar o colírio de forma correta para evitar a perda da visão.
Dicas do médico para garantir tratamento:
·Lave as mãos antes de aplicar o colírio.
·Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar.
·Incline a cabeça para trás.
·Flexione a pálpebra inferior com o indicador.
·Com a outra mão segure o dosador.
·Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.
·Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais.
·Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito.
·Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação.
·Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação.
·Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP, Eutrópia Turazzi
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