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Remédio contra HIV também poderá ser eficiente contra coronavírus


08-04-2020 08:50:34
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Antirretroviral atazanavir pode inibir a replicação do novo coronavírus em células infectadas. Resultados ainda precisam ser confirmados através de testes clínicos com pacientes para que o medicamento se torne uma possibilidade no combate à doença. Trata-se de mais uma contribuição científica da FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz. Milene Miranda, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo definiu como "promissoras" as primeiras conclusões. Esse medicamento é usado contra o HIV.

 


Informou a cientista que o atazanavir não só inibiu

a replicação viral como reduziu o quadro inflamatório

das células infectadas. "Se a pessoa tem um

processo inflamatório menor, ela tem um

melhor prognóstico", resumiu a bióloga.

Para a realização dos ensaios in vitro, pesquisadores utilizaram um isolado viral produzido a partir de amostra de paciente infectado no Rio de Janeiro. Antes dos ensaios, a metodologia contou com a utilização de análises de modelagem computacional para simular como o atazanavir interage com a enzima usada pelo vírus para se replicar no corpo humano.

O trabalho foi enviado para a revista científica Nature Communications e disponibilizado para a comunidade científica internacional em formato preprint (sem revisão formal por outros especialistas da área), o que acelera a troca de informações entre pesquisadores, enquanto os trâmites de uma publicação científica seguem paralelamente.

Pesquisadora explica que uma das vantagens da pesquisa com medicamentos já utilizados para outras doenças, é a possibilidade de superar mais rapidamente às exigências regulatórias, caso os próximos experimentos confirmem que a substância poderia ser utilizada contra o coronavírus.

"Quando você descobre um novo medicamento, entre descrever uma atividade in vitro e ter esse medicamento, podendo ser administrado, isso pode levar 20 anos. Mas, quando se observa segundo uso para um fármaco que já é utilizado, você consegue agilizar algumas dessas etapa", explica Milene.

Ação diferente

A pesquisa também mostrou que, nos ensaios em laboratório, o atazanavir apresentou funcionamento diferente do que a cloroquina poderia ter no combate ao vírus, caso a efetividade seja cientificamente comprovada. "São mecanismos diferentes de ação que poderiam ser combinados".

A bióloga adverte, entretanto, que os resultados dos testes não são

suficientes para a administração do remédio em pacientes com coronavírus,

muito menos devem motivar automedicação. "Nosso principal alerta é que

esse é experimento, não ensaio clínico. Ainda tem etapas a serem cumpridas.

O objetivo foi chamar atenção para uso de um segundo medicamento; e, não

para que se saia por aí tomando o atazanavir. A automedicação nunca é indicada."

A pesquisa

Ao todo, 18 pesquisadores participaram do estudo com o atazanavir, o que incluiu o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), com colaboração do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e da Universidade Iguaçu.

O financiamento da pesquisa contou com recursos da Fiocruz, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes).

"A gente chama a atenção para a importância do trabalho de pesquisa, a importância do trabalho colaborativo entre os laboratórios e da importância do investimento. É só com investimento que a gente consegue fazer esses estudos. Investimento pesado em capacitação de pessoal, infraestrutura e insumos", defendeu Milene Miranda.

 

 

Fonte: FIOCRUZ, Agência Brasil
 

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