Informou a cientista que o atazanavir não só inibiu
a replicação viral como reduziu o quadro inflamatório
das células infectadas. "Se a pessoa tem um
processo inflamatório menor, ela tem um
melhor prognóstico", resumiu a bióloga.
Para a realização dos ensaios in vitro, pesquisadores utilizaram um isolado viral produzido a partir de amostra de paciente infectado no Rio de Janeiro. Antes dos ensaios, a metodologia contou com a utilização de análises de modelagem computacional para simular como o atazanavir interage com a enzima usada pelo vírus para se replicar no corpo humano.
O trabalho foi enviado para a revista científica Nature Communications e disponibilizado para a comunidade científica internacional em formato preprint (sem revisão formal por outros especialistas da área), o que acelera a troca de informações entre pesquisadores, enquanto os trâmites de uma publicação científica seguem paralelamente.
Pesquisadora explica que uma das vantagens da pesquisa com medicamentos já utilizados para outras doenças, é a possibilidade de superar mais rapidamente às exigências regulatórias, caso os próximos experimentos confirmem que a substância poderia ser utilizada contra o coronavírus.
"Quando você descobre um novo medicamento, entre descrever uma atividade in vitro e ter esse medicamento, podendo ser administrado, isso pode levar 20 anos. Mas, quando se observa segundo uso para um fármaco que já é utilizado, você consegue agilizar algumas dessas etapa", explica Milene.
A pesquisa também mostrou que, nos ensaios em laboratório, o atazanavir apresentou funcionamento diferente do que a cloroquina poderia ter no combate ao vírus, caso a efetividade seja cientificamente comprovada. "São mecanismos diferentes de ação que poderiam ser combinados".
A bióloga adverte, entretanto, que os resultados dos testes não são
suficientes para a administração do remédio em pacientes com coronavírus,
muito menos devem motivar automedicação. "Nosso principal alerta é que
esse é experimento, não ensaio clínico. Ainda tem etapas a serem cumpridas.
O objetivo foi chamar atenção para uso de um segundo medicamento; e, não
para que se saia por aí tomando o atazanavir. A automedicação nunca é indicada."
Ao todo, 18 pesquisadores participaram do estudo com o atazanavir, o que incluiu o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), com colaboração do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e da Universidade Iguaçu.
O financiamento da pesquisa contou com recursos da Fiocruz, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes).
"A gente chama a atenção para a importância do trabalho de pesquisa, a importância do trabalho colaborativo entre os laboratórios e da importância do investimento. É só com investimento que a gente consegue fazer esses estudos. Investimento pesado em capacitação de pessoal, infraestrutura e insumos", defendeu Milene Miranda.
Fonte: FIOCRUZ, Agência Brasil
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