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Trigo de Minas Gerais ganha preferência da indústria

26-11-2019 14:20:07 (1243 acessos)
Produtores e industriais estão apostando no trigo produzido em Minas Gerais. A despeito da adversidade da praga brusone e do clima que propiciou chuvas acima da média, vem sendo desenvolvidos investimentos maiores no cultivo do cereal que a EMBRAPA avalia ser "melhor opção para a rotação de culturas na região". Em 2019 foi de 88,3 mil hectares (5% maior que a de 2018), a área plantada no Estado, mas a produtividade foi semelhante à de 2018, de 2.400 quilos (kg) por hectare (ha), segundo a CONAB.

 


A safra de trigo em Minas Gerais encerrou com as últimas colheitas no mês de setembro, atingindo um volume de 208,3 mil toneladas, semelhante ao da safra passada (CONAB) mas  abaixo das expectativas do setor produtivo que esperava um volume de grãos cerca de 20% maior. De acordo com a Embrapa Trigo, a principal causa para a queda de produtividade foi a incidência da brusone que afetou muitas lavouras ainda no desenvolvimento vegetativo, quando o clima quente e úmido favoreceu a doença, associado ao volume de chuvas acima da média e ao maior número de dias com chuva nos meses de março e abril. Além disso, chuvas isoladas no mês de maio favoreceram a ocorrência de brusone também na fase reprodutiva. 

Produtores esperavam resultados melhores: “No ano passado colhemos 20 sacos/ha

de média no trigo de sequeiro por causa da falta de chuvas, e 75 no trigo irrigado.

Nesta safra, os rendimentos foram 29 sacos/ha no sequeiro e 64 no irrigado. Foi o ano

mais difícil para trigo de que tenho lembrança, chuvoso e quente, com muita brusone”,

conta o gerente de produção da Fazenda Água Santa, Israel Nardin, que conduziu mais

de 4 mil hectares de trigo em Perdizes, MG. Além da brusone, o trigo irrigado também

sofreu com a ocorrência de geada e menor disponibilidade de água na região.

Em Uberaba, MG, o produtor Junior Guidi também esperava melhores rendimentos nos 450 hectares de trigo. As médias ficaram em 22 sacos/ha no sequeiro e 65 sacos/ha no irrigado. Ainda assim, o produtor não dispensa o trigo no sistema de produção: “O trigo de sequeiro apresentou melhor resultado econômico do que o sorgo. Conseguimos cerca de R$ 200,00 de lucro por hectare com o trigo, devido ao baixo custo da semente e com apenas uma aplicação de fungicida”, conta Guidi. O investimento em silo bolsa também permitiu guardar a produção para alcançar melhor preço no período de entressafra.

Aprovação do mercado consumidor

Na Fazenda Liberdade, em Madre de Deus, MG, o produtor Cláudio Isamu Okada destinou 500 hectares para o cultivo do trigo. As produtividades tiveram grande variação, de 35 a 104 sacos/ha em função de quebra por geada e brusone, mas o produtor comemora a qualidade do trigo colhido: “As análises de qualidade foram ótimas em 100% das áreas colhidas”.

Uma das cultivares utilizadas pelo Cláudio Okada é o trigo BRS 264, cultivado em 400 hectares nesta safra. Parte da produção teve como destino o Rio de Janeiro onde o empresário Roberto Silva (conhecido como “Bento”) trabalha com panificação artesanal há mais de 30 anos. “Este ano, depois de décadas de idas e vindas com trigo nacional, com constante instabilidade de qualidade, finalmente acertamos no trigo. Comprei em agosto um trigo em Madre de Deus, MG, com o agricultor Cláudio Okada. Trata-se do BRS-264. Só vi uma qualidade como essa quando tive a oportunidade de trabalhar com trigo canadense. Posso dizer que este é o melhor trigo com que trabalhamos ao longo desses 33 anos de panificação”, conta Roberto destacando que a produção de farinha integral é ainda mais exigente em qualidade na panificação: “A escolha de um excelente trigo, somado ao processo diário de moagem em pedras, reflete diretamente na qualidade do pão, resultando num produto com mais leveza que veio de uma farinha integral sempre fresca”.

Brasileiro para o pão francês

No Moinho Sete Irmãos, em Uberlândia, MG, mais de 90% da

matéria-prima tem origem nos trigais de Minas Gerais. “Quebramos

o paradigma de que não era possível fazer pão francês só com

trigo brasileiro. Há mais de 10 anos não utilizamos trigo argentino

no moinho. Temos consciência de que aqui na Região do Cerrado

temos o melhor trigo do País”, conta Max Mahlow.

A preferência é pela cultivar BRS 264, que apresenta pouca oscilação na qualidade, mantendo a cor e a estabilidade na farinha. Nesta safra, a brusone afetou o suprimento da indústria: “Os primeiros lotes que chegaram ao moinho em agosto apresentaram PH muito baixo, mas o fechamento da safra em setembro trouxe um trigo de excelente qualidade”, conta Max. Analisa que o consumo de trigo em Minas demanda mais de um milhão de toneladas frente a uma produção que tem se mantido em 250 mil toneladas.

Com a quebra, a oferta em 2019 ficou em cerca de 180 mil toneladas de trigo no Estado, situação que deverá resultar na compra de trigo da Região Sul.

 

 

Fonte: EMBRAPA - Joseani M. Antunes
 

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