Jogar videogame pode ser doença mental. É isso que avaliaram especialistas reunidos na Organização Mundial da Saúde (OMS), após receberem em Genebra (Suíça), pedidos insistentes de familiares e sofredores de todo o mundo. Jogos eletrônicos são doença quando prejudicam a vida pessoal, social, familiar, ocupacional e educacional da pessoa.
Pela primeira vez, o vício em videogame foi classificado como uma condição de saúde mental
na classificação internacional de doenças (180618).
“Para o transtorno de videogame ser diagnosticado, o padrão de comportamento deve
ser de severidade suficiente para resultar em prejuízo significativo nas áreas pessoal,
familiar, social, educacional, ocupacional ou outras áreas importantes, tornando-se
evidente por pelo menos 12 meses”, diz um comunicado assinado pela Organização Mundial.
Embora alguns relatos da mídia tenham acolhido favoravelmente a designação formal do vício em videogame dentro da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) como útil para os pacientes, outros a consideraram uma preocupação desnecessária entre os pais.
“Há poucos retratos mais verdadeiros do bem-estar de um país do que as estatísticas de saúde”, disse a OMS. Enquanto amplos indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), podem distorcer impressões de prosperidade individual, dados sobre doenças e mortes revelam quais as condições reais de vida de uma população.
Segundo a OMS, a classificação é o “alicerce das estatísticas de saúde”, codificando a condição humana desde o nascimento até a morte, incluindo todos os fatores que influenciam a saúde.
Essas estatísticas formam a base para a prestação de serviços de saúde em todos os lugares e estão no cerne do mapeamento de tendências e epidemias de doenças; ajudando os governos a decidir como o dinheiro é gasto em serviços de saúde.
Crucialmente, em um mundo de 7,4 bilhões de pessoas falando
quase 7 mil línguas, a classificação dá um vocabulário comum
para registrar, relatar e monitorar problemas de saúde, disse a OMS.
“Cinquenta anos atrás, seria improvável que uma doença como a esquizofrenia
fosse diagnosticada de forma similar no Japão, no Quênia e no Brasil. Agora,
no entanto, se um médico em outro país não puder ler os registros médicos de
uma pessoa, saberá o que significa o código da classificação”, explicou a OMS.
Sem a capacidade da classificação de fornecer dados padronizados e consistentes, cada país ou região teria apenas localmente, as próprias denominações, que provavelmente seriam relevantes.
“A padronização é a chave que libera a análise global de dados de saúde”, disse a OMS.
A 11ª edição da classificação internacional foi divulgada para permitir que os Estados-membros planejem a implementação antes de ser apresentada para adoção na Assembleia Mundial da Saúde de 2019.
Notando que esta foi atualizada para o século 21, a OMS disse: “mais de uma década em desenvolvimento, esta versão é uma grande melhoria na CID-10”, acrescentando que agora reflete avanços críticos em ciência e medicina.
Além disso, as diretrizes também podem ser integradas a aplicativos de saúde eletrônicos e sistemas de informação — tornando a implementação significativamente mais fácil, menos vulnerável a erros e permitindo que mais detalhes sejam registrados.
Clique aqui para acessar o documento (em inglês).
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