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Campanha testa brasileiros contra hepatites virais e incentiva prevenção

08-10-2021 21:28:34 (625 acessos)
“Não Vamos Deixar Ninguém para Trás”. Este é o apelo do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), para uma das maiores campanhas públicas para testagem contra hepatites virais em todo o Brasil. Interesse é despertar os brasileiros para realização de diagnóstico e promover o tratamento. Com essa estratégia a Medicina pretende combater as hepatites B e C, que na evolução sem dar qualquer sinal, acaba chegando à cirrose e ao câncer de fígado.

 


210507 - 22:57:35 horas 

Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais é lembrado em 28 de julho, a data do nascimento do cientista Baruch Blumberg, ganhador do Prêmio Nobel, que descobriu o vírus da hepatite B. No Brasil, a Lei 13.802/2019 instituiu o Julho Amarelo, a ser realizado a cada ano em todo o território nacional, quando são efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais.

Para estimular prevenção da doença, entre os dias 20 e 28 de julho, receberão a cor amaraela, os edifícios do Senado e da Câmara dos Deputados. 

Hepatites virais são doenças infecciosas - classificadas nos tipos A, B, C, D e E -,

que atacam principalmente o fígado e, quando não diagnosticadas, podem levar o

paciente à cirrose ou ao câncer de fígado. Por apresentarem em sua maioria poucos

sintomas iniciais, são chamadas de enfermidades “silenciosas”, o que torna importante

a realização de exames de rotina que detectem os vários tipos da doença.

Os sintomas mais comuns das hepatites virais são náusea, febre, tontura,

falta de apetite, cansaço, diarreia, dor abdominal, pele e olhos

amarelados, urina escura e fezes claras.

A campanha do IBRAFIG condensa as ações feitas durante todo o ano para o enfrentamento das hepatites virais, principalmente as hepatites B e C, que podem evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado.

Paulo Bittencourt, presidente do IBRAFIG, explicou que as hepatites B e C, em geral, evoluem de forma silenciosa. Por isso, o indivíduo só acaba descobrindo que tem uma doença no fígado quando desenvolve cirrose ou câncer, já em fase avançada. Nesses casos, o tratamento é o transplante de fígado, para cirrose. Para casos de câncer, o tratamento curativo não é mais possivel, disse o hepatologista.

“O alerta que a gente está fazendo é em relação à solução que nós encontramos para mitigar os efeitos da pandemia da covid-19 nas ações de testagem que reduziram muito no país”.

Em 2020, devido à pandemia do novo coronavírus, caiu mais de 20% a aplicação de testes rápidos por parte do Governo, nas unidades de saúde. É que a população, por conta do isolamento social, reduziu a procura para a testagem que ocorre de forma habitual em todas as unidades básicas de saúde. “Com isso, houve redução consequente de quase 50% no número de tratamentos”.

Acesso fácil 0800 882 8222

O Ibrafig criou o número gratuito 0800 882 8222, para facilitar o acesso das pessoas à testagem.

Esse número, também acessado via WhatsApp, mapeou todos os pontos de testagem

gratuitos no País, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e tem o objetivo de orientar

a população a procurar o ponto mais próximo de sua residência. “Não só procurar

um ponto para a testagem mas, em caso positivo, ajudar o indivíduo a se vincular ao

sistema de saúde para o tratamento. A questão toda é que, com a pandemia, várias

ações de testagem que eram feitas, inclusive no Julho Amarelo, em todo o país, e eram

disponíveis nas unidades básicas de saúde do governo, foram prejudicadas”. Como as

ações de testagem costumam aglomerar pessoas, o que é contraindicado

no período de pandemia de covid-19, o número de testes feitos caiu em 2020 e 2021.

Pedro Bittencourt argumentou que como não se sabe se a pandemia terá sido controlada até 2022, o Ibrafig está muito preocupado, porque o Brasil é signatário de um plano da Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa reduzir a mortalidade atribuída às hepatites em mais de 75%, até 2030. Para isso, o país precisaria realizar testagem só para hepatite C entre 9 milhões e 12 milhões de pessoas todo ano. Com a redução da testagem ocorrida, o presidente do Ibrafig estimou que o plano de eliminação das hepatites virais até 2030 vai estar longe de ser alcançado.

Daí a importância da campanha para alertar a população que a falta de testagem hoje, mesmo durante a pandemia da covid-19”, pode levar ao aumento dos número de casos de cirrose e de câncer de fígado nos próximos anos, e ao aumento da mortalidade devido a essa doença. “É o que nós, médicos, estamos chamando de morte silenciosa, que não está associada à covid, mas, sim, à redução do número de exames, de testagens, à redução do cuidado, em geral, em relação à saúde, devido ao receio da pandemia e do medo das pessoas de procurarem o sistema de saúde”.

Hepatite em 1 milhão

De acordo com o instituto, um milhão de pessoas têm hepatites virais no Brasil e desconhecem esse fato. São 500 mil com hepatite C e um número semelhante com hepatite B. Paulo Bittencourt explicou que a transmissão dessas hepatites se faz por via sexual e pela transmissão da mãe para o filho, no caso da hepatite B; e pelo compartilhamento de material perfuro/cortante, que tenha sido contaminado com sangue do indivíduo com o vírus, para a hepatite C. As medidas de precaução não eram conhecidas há 40 anos, entre as quais não compartilhar tesourinhas e alicates em salões, sem higienização adequada; não usar seringas e agulhas não-descartáveis. “Então, a gente sabe que entre 0,7% e 1% da população brasileira se contaminou com o vírus C nessa época e, hoje, tem infecção crônica que pode levar à cirrose e câncer de fígado”.

A hepatite C não tem vacina. O único mecanismo para diminuir a mortalidade associada à doença é por meio da testagem, principalmente na faixa da população acima de 40 anos de idade. Para a hepatite B, há vacinas disponíveis no calendário nacional de vacinação desde 1996. Bittencourt disse que a maior parte das pessoas de 20 a 25 anos para baixo já foi vacinada durante a infância. “Mas a gente sabe que grande parte da população brasileira acima de 25 anos não está vacinada”. Destacou que a vacina contra hepatite B está também disponível para adultos e idosos, onde se percebe aumento da frequência da doença.

O Ibrafig alerta para verificar o cartão nacional de vacinação. Quem não foi vacinado deve procurar tomar a vacina para hepatite B, que é gratuita pelo SUS e, para a hepatite C, fazer a testagem, se tiver idade superior a 40 anos. As duas hepatites têm tratamento, quando diagnosticadas precocemente. O aspecto positivo, de acordo com o hepatologista, é que a hepatite C tem cura com tratamento de três meses, com drogas orais eficazes que eliminam o vírus em 95% das pessoas. Já a hepatite B tem tratamento que, na maior parte das vezes, inibe o vírus também com drogas altamente eficazes e que previnem progressão para cirrose e câncer de fígado. O intervalo de tratamento, no caso do vírus B, é, porém indefinido.

 

A testagem pode ser feita pela coleta de sangue, mas o Ibrafig propõe que

a população vá aos postos de saúde que usam o chamado teste rápido,

que o sangue é coletado na ponta do dedo, e que dão resultado em

cerca de dez a 15 minutos. Essa dosagem está disponível no SUS. 

O presidente do Ibrafig chamou a atenção que muitos pontos de testagem no país foram desativados com a pandemia. Mas o serviço 0800 882 8222 localiza onde o teste está ativo e de forma rotineira pelo WhatsApp. Além disso, caso o teste dê positivo, o serviço estimula o cidadão a procurar a rede de saúde para tratamento. A ideia do Ibrafig é intervir ainda quando o paciente está na fase inicial da infecção, para que ele não precise de um transplante de fígado e para evitar a possibilidade de não se poder fazer mais nada.

Brasil transplanta

O Brasil é, depois dos Estados Unidos, o País que mais realiza transplantes de fígado globalmente, com 100% dos procedimentos cobertos pelo SUS. O Brasil possui também o segundo programa mundial de transplante de fígado, a maior parte dos casos por hepatites virais. Cada transplante tem custo de US$ 20 mil a US$ 25 mil por pessoa, mais US$ 5 mil de medicação. “É um custo alto. Do ponto de vista de saúde pública, a gente tem não só o dever de tratar essas pessoas, mas de desafogar o sistema que está quase estrangulado em termos de custeio”.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), cerca de 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo, em decorrência das hepatites virais, com 3 milhões de novos infectados ao ano. As hepatites B e C juntas respondem por cerca de 74% dos casos notificados de hepatites virais no Brasil. Sozinha, a hepatite C foi responsável por mais de 76% das mortes por hepatites virais, no país, no período de 2000 a 2018, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2020, o mais recente editado.

 

 

Fonte: IBRAFIG e Agência Brasil
 

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