Faltou dizer quando vai executar o plano, quando o dirigente do BACEN foi (191106) à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal, em Brasília. Recebeu a sugestão do deputado Sergio Souza (MDB-PR), para estender o projeto de educação financeira às escolas. Informou o Presidente que o cheque especial onera mais os mais pobres por uma série de motivos, entre os quais o fato de que existe um custo por disponibilizar o crédito para quem não usa.
"Na verdade, se uma pessoa tem limite muito alto e nunca usa...
como o banco não consegue cobrar aquele limite que dá ao cliente,
cobra nos juros. Porque é proibido cobrar tarifa. Então o que
acontece na prática? Na prática, quem tem limite alto e nunca usa,
precisa cobrar esse benefício que está sendo custeado por quem
tem limite baixo e usa muito. Então é um produto regressivo porque quem
está embaixo da pirâmide sustenta quem está em cima e não usa o produto".
Disse o Presidente do BACEN que 44% do crédito do cheque especial são usados por quem ganha até dois salários mínimos, sendo que metade dos devedores fica até um ano devendo, pagando taxas de mais de 300%.
Tarifas altas
"E a tarifa que mais me chamou atenção é a do saque no caixa eletrônico. É um absurdo, é a mais utilizada, R$ 2,55 no Banco do Brasil. E tem banco particular que é R$ 3. E é a tarifa que mais arrecada". Foi o que criticou o deputado Júlio Cesar (DEM-PI).
Roberto Campos Neto concordou com o deputado e disse que a empresa que disponibiliza os caixas eletrônicos é controlada pelos grandes bancos e cobra taxas que prejudicam os bancos menores, reduzindo a competitividade.
Inadimplência muito alta
Dirigente do BACEN explicou que a inadimplência no Brasil não é
muito maior que a de países emergentes; mas o spread bancário
é de 18,4% ao ano enquanto o conjunto de países cobra 3,8%
ao ano. O spread é uma espécie de taxa sobre o risco de
emprestar. O presidente do BC disse que em outros países
52% do crédito inadimplente são recuperados em um ano e
sete meses. No Brasil, a taxa é de 15% em quatro anos.
Mas a situação tende a melhorar com a implantação do cadastro positivo e a ideia de "open banking", ou o compartilhamento de dados dos clientes com as plataformas de crédito, mais conhecidas como Fintechs. Segundo Roberto Campos Neto, são 13 entidades já autorizadas e mais 20 em análise.
Para 2020, o objetivo é regular o pagamento instantâneo de débitos diversos por meio de celulares, por exemplo. O BC também quer fazer com que os proprietários de imóveis possam obter empréstimos com juros mais baixos e reduzir o total de depósitos obrigatórios que os bancos têm de manter junto ao Banco Central.
Crescimento com qualidade
Indicou o Presidente que o Governo está redirecionando os financiamentos de infraestrutura para o setor privado:
"Qual é o resultante disso? É que vai ser um crescimento um pouco mais lento, mas com muito maior eficiência e qualidade. Por quê? Porque será melhor a alocação de recursos do crescimento promovido com dinheiro privado".
A expectativa de redução da taxa de crescimento da economia de 2% para 1% em 2019 foi causada pela crise da Argentina, a desaceleração global e a tragédia de Brumadinho.
Fonte: Agência Câmara
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